“Vocês não precisam de mim!”

Texto de Glória Hefzibá para o post do leitor. Diz a epístola de Paulo aos Filipenses, em seu capítulo 2, versículo 13: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade.” Existem versículos que se tornaram tão populares, que acabaram perdendo o sentido. São tratados […]



8 de maio de 2014 Bibotalk Reflexões

Texto de Glória Hefzibá para o post do leitor.

Diz a epístola de Paulo aos Filipenses, em seu capítulo 2, versículo 13:

“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade.”

Existem versículos que se tornaram tão populares, que acabaram perdendo o sentido. São tratados como se fossem uma ideia completa, em si mesmos, e que podem ser usados para defender o que for. Filipenses 2:13 é um exemplo. Mas tudo na Bíblia foi escrito intencionalmente, dentro de um contexto, e para ensinar algo proveitoso.

Então vamos ler o que diz todo o capítulo 2 para conhecer o contexto. O capítulo começa assim (vv. 1 e 2):

“Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.”

Esse capítulo começa com um “Portanto”, por isso precisamos descobrir o que se dizia antes, a razão dessa conclusão “portanto”. Volte ao capítulo 1. Lá, Paulo inicia a carta com uma saudação, dizendo que os crentes de Filipos estão sempre em suas orações. Ele tinha motivos para se alegrar pelo povo daquele lugar: eles foram fiéis a Paulo tanto em momentos felizes, quanto nos tristes (vv. 5 e 7). O apóstolo amava tanto aquelas pessoas (v. 8) que pedia a Deus que o amor delas e suas boas obras crescessem mais e mais (vv. 9-11).

Observe que Paulo, apesar de estar preso (vv. 12, 13), estava contente: contente pelos filipenses, satisfeito pelo que eles fizeram, e porque Deus tornou a maldição em bênção (v. 14). Mas há também uma tensão no texto. Paulo está feliz, porém também em aperto. Não está morto, para poder usufruir a presença de Cristo na Glória, nem pode pregar, mesmo estando vivo. É um dilema. No entanto, ele espera que Deus vá livrá-lo da prisão e dessa forma ele poderá visitar os filipenses mais uma vez.

Nesse ponto, o Apóstolo dá um conselho: os filipenses deveriam se portar “dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que (…) ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho” (v. 27). Isto é, podendo visitá-los ou não, Paulo queria ouvir a notícia de que eles estavam vivendo em comunhão e crescendo na fé.

Agora, podemos ir ao capítulo 2.

Ao longo desse capítulo, Paulo dá dicas de como os filipenses poderiam viver de maneira digna do Evangelho: nada fazendo por vanglória, considerando os outros como superiores, etc (vv. 2-4). E mais: ele diz que os filipenses deveriam fazer isso porque o próprio Jesus o fez (vv. 5-11). Jesus é nosso exemplo!

Chegamos então no versículo que é a questão deste texto. Mas ele é só uma parte de uma frase maior, que começa no versículo 12, então vou transcrever por completo aqui:

“De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade.”

Observe a mesma passagem na versão NTLH:

“Portanto, meus queridos amigos, vocês que me obedeceram sempre quando eu estava aí, devem me obedecer muito mais agora que estou ausente. Continuem trabalhando com respeito e temor a Deus para completar a salvação de vocês. Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade Dele, tanto no pensamento como nas ações.”

Perceba bem: o que se diz aí é que os filipenses não precisam de Paulo para crescer na salvação. Eles conseguem ser obedientes tanto na presença quanto na ausência dele e deveriam continuar fazendo isso, porque é Deus quem opera tanto o querer como o efetuar. Em outras palavras, porque eles só dependem de Deus, não de Paulo!

Nossa dependência é só para com Deus, é d’Ele que precisamos! Assim, devemos desenvolver nossa salvação – devemos “continuar trabalhando”. Lembre: os filipenses não precisavam de Paulo. Nós não precisamos de grandes astros da fé. Precisamos de Cristo. Com Cristo, podemos.