Heresia! O grito continua ecoando hoje, tanto quanto ecoou no tempo da reforma na boca de católicos e mais tarde entre os próprios protestantes, ou mais longinquamente entre gnósticos, arianos, donatistas, montanistas e a ala mainstream do cristianismo. Talvez os primeiros a usarem o termo foram os cristãos judeus, ou seriam os cristãos gentios os primeiros? O termo significa “partido” ou “grupo”. Uma “haeresis”, em grego, nada mais é do que um grupo de pensamento, logo fariseus, saduceus, sicários e nazarenos eram grupos ou haeresis do judaísmo do primeiro século da era cristã.
HERESIA! Como um grito de ordem contra alguém outro é o que se tornará essa palavra diante da discussão sobre quem está certo e quem está errado em matérias doutrinarias no seio da Igreja Cristã. Como heréticos, a partir do concílio de Nicéia em 325, passariam a ser denominados os grupos que defendiam um posicionamento diferente daquele definido pelo concílio. Estes concílios formularam Confissões de fé. Textos curtos, com sentenças claras e bem definidas. Porém motivo de grandes debates, alterações, reformulações e por fim concórdia. Uma Confissão tem a função de unir a comunidade cristã em uma só voz quando o assunto são as doutrinas centrais e fundamentais da fé cristã. Por lógica se deduz então que a segunda função da confissão é demonstrar quem não está unido à comunidade cristã. Assim, se a Confissão ou Credo afirmam que Cristo possui duas naturezas que coexistem em um só Cristo, os que defendem outras posições como os arianos e os monofisitas estariam por tabela fora da comunhão cristã. Seriam a partir deste ponto marcados com o anátema, ou em linguagem de hoje: cai fora!
HERESIA! Assim gritariam irmãos dentro de uma igreja uns contra os outros por detalhes interpretativos após a morte de Lutero. Aqueles que poucas décadas atrás estavam sendo duramente reprimidos pelos católicos, agora reprimiam seus irmãos e parceiros na Reforma por causa de pequenas diferenças na interpretação da Confissão de Augsburgo. Por exemplo, debateram fortemente Philip Melanchton e os gnesio-luteranos (verdadeiros luteranos) a respeito das cerimonias, liturgias e formas externas de culto. Para Melanchton, as formas externas não importavam, e as liturgias católicas podiam ser utilizadas. Para os gnesio-luteranos não, quem as utilizasse estaria abdicando da Confissão de Augsburgo. Neste contexto nasce o termo latino “status confessionis”, que significa “status confessional”. Trocando em miúdos, a pergunta recai sobre quais temas tem status confessional e quais não tem. Que assuntos realmente nos dividem a ponto de não podermos estar na mesma comunhão eclesiástica e quais assuntos são apenas divergências secundárias e que não deveriam acabar com a comunhão.
Mais tarde na história do luteranismo o assunto do “status confessionis” voltou. Desta vez debateram os luteranos ortodoxos contra os pietistas. Estes últimos afirmavam que um cristão verdadeiro não deveria participar de divertimentos mundanos, tal como teatro, bailes e festejos populares. Novamente a pergunta tinha que ser colocada: lazer tem “status confessionis”? Uma pessoa que confessa a fé cristã mas frequenta o teatro deveria ser considerada como um “pagão”?
Nos anos da cortina de ferro, a partir da Conferencia do Conselho Mundial de Igreja em Uppsala (1968), foi proposta uma reinterpretação ético-política de heresia. Alguns teólogos passariam a chamar de hereges os cristãos que defendessem o uso de armas nucleares, como na declaração reformada da Igreja Presbiteriana de Cuba. O argumento remonta à Dietrich Bonhoeffer e sua luta contra o regime nazista. Ele não aceitava que a Igreja Alemã se aliasse ao regime político de Adolf Hitler se tornando coparticipante da política racial nazista. Para Bonhoeffer e para os cristão da Igreja confessante, a Igreja só podia ter um Senhor, a saber, Jesus Cristo. Esta era a razão pela qual a política se tornara uma questão confessional.
Escrevo este texto para quem está na internet. Pra você que tem uma conta nas redes sócias e se expressa através delas. É nesse contexto que percebo um grande risco para a unidade dos cristãos. Claro que também é nesse contexto que percebo questões fundamentais da fé cristã sendo barateadas. Não sou cego, vejo sim um evangelho que não se articula numa vida transformada, mas isso precisa ser dito sob várias óticas:
Direitistas e esquerdistas cristãso tem dado à política status confessionis, quando a esquerda afirma que a direita odeia o pobre, que dá preferencia ao capital, que não valoriza os direitos dos trabalhadores e a igualdade de oportunidades. A direita dá status confessionis quando acusa a esquerda de tentar instaurar o reino de Deus via política, de não dar atenção às perguntas da ética e moral cristãs, de desconsiderar a individualidade em prol da coletividade. Ambos os grupos erram, ao atribuir a uma discussão no campo da ética política caráter normativo para a fé cristã.
O mesmo acontece com questões como aborto e direitos civis dos cidadãos LGTBs. Creio que estes assuntos são importantes e devem ser debatidos. Creio que os cristãos tem o direito de expor seus pontos de vista a partir de sua ética e moralidades próprias. O que eu rechaço, é que um grupo de cristãos queira dar status confessionis para estes assuntos, ao proclamar anátema sobre outros cristãos que sejam favoráveis ao direito do aborto e aos direitos civis dos cidadãos LGTBs.
Vemos grupos proclamando anátema uns contra outros. No cristianismo de internet, todos somos hereges sob o ponto de vista do grupo “adversário”. Não importa quem realmente tem a razão, importa que você está errado e não é cristão para algum grupo no outro lado do espectro cristão na internet
Ainda que tenhamos um fosso que nos separe por causa de diferenças teológicas, de interpretação bíblica, de compreensão de mundo, de reflexão ética, não estamos tratando de trindade, cristologia, soteriologia ou esperança escatológica. Não podemos tratar questões éticas como se estas fossem critério último para decidir quem é, e quem não é cristão. Observe que ambos os grupos tem seus argumentos obtidos através da reflexão bíblica. “Abortistas” e os favoráveis ao “direito à vida” se posicionam utilizando conceitos como a regra de ouro, o mandamento do amor, a dignidade da pessoa criada à imagem de Deus, o conceito de pecado ou o quinto mandamento. Não podemos dizer que este ou aquele é, ou não é, cristão pela forma com que ele organiza tais preceitos éticos. Tanto faz se um dá preferencia para um preceito em detrimento de outro, ou se os organiza em ordem lexical, ou se os coloca simplesmente um ao lado do outro dando o mesmo peso. Todos estes cristãos estão refletindo a partir das escrituras e não estão colocando em cheque as doutrinas fundamentais dos concílios da Igreja Antiga. Claro, quero resguardar a qualquer grupo cristão o direito de fazer considerações críticas, contrapontos, contrapropostas. Esta diversidade é importante e ajuda na formulação de ideias mais conscientes e biblicamente coerentes. Mas por favor, faça suas considerações fundamentando nas escrituras e na reflexão teológica de forma dialogal e não como anátemas. Ou seja, discorde na esperança de que seu parceiro de diálogo possa mudar, não desejando jogá-lo no inferno.
Que sejamos mais unidos, a despeito das nossas muitas diferenças. Nesta Corinto moderna que é a internet, que sejamos conscientes que Paulo chamou tanto “esquerdistas”, quanto “direitistas”, tanto “abortistas”, quanto os do “direto à vida”, tanto conservadores, quanto progressistas de SANTOS! Sejam portanto santos, e se comportem em relação aos seus irmãos na fé como santos, mesmo que em assuntos secundários vocês pensem diferente.
Nossa!! Ler um texto desse logo após um debate me dá um alívio.
obrigado Rodrigo, fico feliz em poder dar uma contribuição no meio desse turbilhão maluco.
ps:eu sou um admirador do trabalho de vocês,discordo de algumas coisas,mas até agora estava no campo das diferenças aceitáveis.
Apesar de não concordar com alguns pontos abordados por vocês, gosto muito dos btcasts e sou muito edificados por eles. Que Deus tenha misericórdia de nós eleitores agora e na hora de nosso voto. Amém!!!
Oi Francieudes,
Obrigado pelo comentário. Se quiser questionar ou expor as discordancias, fique livre!
Abraços
Então um cristão
Que defende aborto e a esquerda com todas suas agendas anti-cristã, não é um “herege” ?
Isso cheira relativismo em!
Obs: sou um ateu.
Oi Lucas,
Essa é a questão! Heresia se define pelos pontos centrais da doutrina, i.é., cristologia, soteriologia, pneumatologia, trindade e em menor medida antropologia. Quando o assunto é eclesiologia e escatologia a liberdade é grande, e dificilmente se chamam uns aos outros de hereges. Agora esse fenomeno de nominar um grupo como heretico com base em compreensões da ética é novidade na teologia, a menos que essa ética seja resultado de uma compreensão cristologica heretica, mas aí a heresia já vai estar no fundamental, corroendo a ética, e não o contrario.
abraço
Muito bom Alex
Alex, eu não vou te rotular disso ou daquilo. Penso que um artigo é muito pouco para tirar alguma conclusão sobre alguém. Você, o Bibo e toda a equipe trazem muita coisa boa a todos nós. Ainda assim,gostaria de deixar registrado o que penso. Concordo com você que questões secundárias não deveriam nos desunir e que muito das dissensões existentes na igreja tem como cerne estas questões periféricas. Entretanto, não me parece que o aborto seja apenas um problema ético, secundário, periférico. Ao contrário, no meu entendimento ele vai de encontro a soberania de Deus. Irmão, assisti o vídeo que você recomendou. Achei repugnante a posição por ele defendida. Além do mais, a impressão que tive é que ele quis dar a entender que o pais da igreja não eram contrários aos aborto. Ao contrário que ele afirma, vemos a igreja se posicionando contra essa prática a muito tempo. Há registros no Didaquê, inclusive. Tertuliano, Clemente, Ambrósio, Hipólito, Basílio, Crisóstomo, Jerônimo e mesmo Agostinho (que ele citou) eram contrários a prática do aborto. Deixei um comentário mais detalhado sobre o assunto lá no site que você indicou. Um abraço.
Belo texto, trazendo à tona uma discussão muito necessária. São tantas correntes que surgem a cada dia dentro da igreja; são tantas questões que são colocadas diante da igreja, exigindo de nós uma resposta, um posicionamento. É complicado apontar uma ou outra posição como errada, muito mais como herege. A verdade é que nós não sabemos qual é a nossa opinião. Estamos confusos em meio a tantas demandas, não sabemos direito o que a Bíblia diz sobre as mais diversas questões que o século XXI nos apresenta. Sendo assim, cautela, respeito, humildade e reflexão nos farão muito bem.
Obrigado pelo apoio e incentivo Jean, sigamos juntos buscando a unidade possível e um testemunho concreto e verdadeiro do evangelho.
abraço
Sidinei,
Obrigado pelo comentário.
Como já disse em outro comentário, eu mesmo sou contrario ao aborto, inclusive nos casos previstos em lei. O que ainda está aberto pra mim é se o aborto deve ser crime e a mulher e médicos penalizados pelo ato, ou se de ser descriminalizado e regulamentado, ou seja, em determinados casos onde há indicação médica, etc., o aborto seria possível sem ser crime(ele já é possivel, mas apenas pra determinados casos). Esse assunto ainda está em aberto, mesmo que eu como pastor aconselhasse uma mulher via de regra a não abortar. Na história da Igreja, é unanime a proibição do aborto, porém as exceções que temos hoje em lei, em boa medida já eram defendidas na igreja antiga, como corretamente aponta o vídeo. Ou seja, que os cristãos admitem exceções à regra da proibição do aborto, isto não é de hoje. Como eu disse, suspeitaria muito de um cristão que defenda o aborto em toda e qualquer circunstancia apenas pelo direito de decidir, isto sim ataca a soberania do criador da vida, como vc bem apontou. No caso da exceções, trabalhamos apenas com discernimentos éticos no campo do “mal menor” (tema dificílimo, por sinal!).
Abraços
Muito bom o texto Alex. Tocou em temas difíceis com muita coragem e clareza, claro que não podia deixar de incomodar a muitos. Mas concordo muito com sua posição de respeito. Deus abençoe.
Samuel, as discussões são saudáveis e ainda bem que ainda existem os incomodados. Chavões como o que você utilizou (“não podia deixar de incomodar a muitos”) nada mais são do que uma tentativa sutil de calar as vozes discordantes.
Bom dia Sidinei.Sim as discussões são saudáveis, por isso elogiei o Alex, por ter tocado em pontos pouco discutidos, e sim concordo com você, “ainda bem que existem os incomodados”, por exemplo, o texto do Alex também revela um incomodo o que suscita discussão. Na verdade, não intenciono, especialmente de maneira “sutil”, calar a ninguém, nem teria meios de fazê-lo, mas simplesmente encorajar o Alex diante de tantas discordâncias. Chavão ou não é fato óbvio que muitos se incomodaram e expressaram seu incomodo, eu expresso meu apoio. A paz.
Certo Samuel, se encorar o Alex era o seu objetivo assino contigo.
Nesse aspecto ele e toda a equipe do Bibotalk merecem nosso apoio.
Obrigado pelo incentivo de ambos! Sigamos juntos.
Abraços
Excelente texto!
De fato é complicado expor certas opiniões diferentes do que o senso comum da igreja brasileira assegura.
Obrigado Fernanda,
De fato é uma tarefa complexa. Poderia descrever mais alguns temas onde há divisão, mas aí eu teria milhões de hatters aqui hehe
Abraços
É constrangedor alguns “debates” e seus comentários, não só em relação à política. Mudei de congregação recentemente e vou te falar, to pisando em ovos, mas ao mesmo tempo que não quero “treta” busco uma forma de iniciar diálogos saudáveis.
Mais um excelente texto do blog Bibotalk. Parabéns pela bela contribuição que vocês tem dado à igreja cristã com os textos, videos e podcasts.
Quanto ao meu posicionamento acerta do texto, bem, tenho discordâncias, principalmente no que se trata da esquerda. Não é minha intenção ser agressivo, apenas quero expor algumas dúvidas e/ou críticas.
O problema que vejo com a esquerda, não está ligado à sua concepção do que seria o melhor modelo econômico e sim ao marxismo enquanto ideologia e cosmovisão.
Por exemplo, não seria heresia, não reconhecer a existência de um mundo e fatos sobrenaturais, mesmo sendo cristão e acreditando na Bíblia? Afirmar que o ser humano nasce e é essencialmente bom/neutro e que o convívio social o corrompe, não seria negar o pecado original? Isso só pra citar 2 bases do pensamento marxista.
Qual a opinião de vocês acerca disso? Deixo claro que não quero ofender ninguém, só apresentar esse questionamento/dúvida a vocês.
Paz e graça aos amigos do Bibotalk
Gilnei,
Obrigado pelos questionamentos.
Pessoalmente não assino em baixo do pensamento marxista, já pra deixar claro. É lógico que os problemas que você citou obrigam um cristão à não aceitar o pacote marxista, porém, ninugém é obrigado a comprar o pacote fechado. Explico:
Grande parte dos cristãos conservadores admitem que a direita é o melhor caminho, por causa dos pricipios democráticos da liberdade ampla pra todos e do não-intervencionismo na economia (liberalismo economico) discordando apenas do não-intervencionismo na moral do indíviduo, por causa do seu conservadorismo moral cristão.
Se olharmos pra teoria de Adam Smith, não veremos Deus ali. Se olharmos pro contratualismo de Rousseau e Kant veremos Deus sendo escanteado em favor da razão humana. A visão de ser humano defendida por todas estas teorias é de que o homem é bom, é moral, é capaz de definir sozinho e autonomamente o que é melhor pra si mesmo e pra sua sociedade, sendo totalmente desnecessária a existencia de uma entidade moral fora do ser humano (Deus). Se você estudar o surgimento do marxismo, vai ver que ele surge dentro do ricardianismo, uma doutrina econômica que igualmente deu origem ao liberalismo. Na parte filosófica, o marxismo surge como radicalização materialista do racionalismo de Feuerbach, que por sua vez, é uma crítica ao que restou de “Deus” em Kant e Hegel. Interessante que a dialética de Hegel é extraída da trindade economica, ou seja, ele vê em Deus, Pai, Filho e ES, o esquema de tese, antitese e síntese filosófica. É este esquema, porém sem qualquer menção a Deus, que Marx utilizará pra formatar a sua dialética materialista (sem elementos transcendentes, como era proprio o sistema hegeliano). Ou seja, filosoficamente as duas correntes tem origens muito próximas: o idealismo filosófico alemão e o circulo de pensamento economico ricardiano na Inglaterra. Ambos os sistemas negam a existencia de um pecado original, ambos acreditam na bondade e capacidade para o bem do ser humano. Ambos os sistemas descartam a necessidade de Deus. Nesse sentido, nenhum sistema economico ou político da atualidade nos serve. Então a pergunta deveria ser: qual sistema podemos defender criticamente? Qual deles, fazendo-se as devidas ressalvas teológicas, é apropriado pra defesa de valores cristãos?
Nesse sentido você vai ver a divisão entre os cristãos, alguns vão dar mais valor aos principios de liberdades individuais, e outros a coletividade. Quem está certo? Ambos! Creio que devemos buscar o melhor de todos os sistemas, ou seja, liberdades individuais pra todos igualmente, sem que com isso individuos precisem sofrer economicamente (sou totalmente contra o utilitarismo econômico presente nas correntes libertárias de direita, como no neo-liberalismo). Por essa razão vejo como positivos os programas sociais (em qualquer país do mundo, não estou falando do Brasil, mas dos programas em si) que tendem a diminuir a desigualdade e a miséria.
Em resumo é isso minha breve critica aos sistemas. Teria muito mais pra escrever sobre a dialetica de classes, com a qual discordo em partes e também mais sobre o utilitarismo, mas vai ficar pro futuro.
Abraços
Alex, realmente existem temas que o nosso cerne cristão se mistura com nossas posições éticas. Como você deixou a entender, também acho que isso não é errado, e concordo contigo sobre o clima nada amistoso que alguns se posicionam.
Infelizmente esse “range” todo é causado porque alguns não sabem debater sem ter sua guarda baixa e com uma visão reflexiva. Todo mundo tem um ponto de vista concreto e muitos se sentem ofendidos quando seus pontos são colocados em cheque. A reação negativa e os insultos são o resultado mais normal nesses casos…
Agradeço pelo seu ótimo texto e assino embaixo em todos os seus pontos citados!
Obrigado pelo incentivo, compreensão e apoio Eduardo.
Sigamos caminhando e construindo.
No final, você tratou de um tema importante: temos que nos lembrar de que os cristãos sinceramente defendem uma ou outra coisa, ou seja, defendem porque, quando leem as Escrituras e encaram a vida, pensam que tal ou qual coisa é a certa a se fazer. Muita dessa pressa em condenar os que pensam diferente de nós tem por base a suposição de que o outro está, necessariamente, sendo desonesto. Que o seu “erro” é proposital. Que existe alguma maldade é a RAZÃO por que pensam diferente. Já supomos o pior do outro.
Glória,
Me fizeram perguntas difíceis ali em cima, e tive que me alongar na resposta. Mas você fez um comentário mega denso sobre o amago antropológico da questão. Concordo totalmente contigo com esta suposição da desonestidade academica do parceiro de diálogo, aliás, parceiro de diálogo é o que menos temos, antes encontramos rivais, que por sua vez formam gangues, que promovem uma guerra civil na internet. Tudo isso seria mais amenos e razoável se estivessemos frente a frente, ou no mínimo com a camera ou o microfone ligados. O teclado nos dá uma liberdade que o microfone nos tira, pois o outro poderá nos replicar e questionar, sem que antes tenhamos acesso ao google e a wikipedia pra tirar dúvidas. A desonestidade não se sustenta num diálogo honesto por conferencia, mas aqui nos comentários, ela fica a solta. Infelizmente, vejo um entrincheiramento de posições e logicamente cada um se considera o bom e certo, enquanto o outro é o ruim e errado. No fundo, todos somos ruins e em certa medida errados, e necessitamos da correção mútua, se realmente nos consideramos cristãos.
Abraços
Bem lembrado. Na internet temos a proteção da distância (física e emocional), fica mais fácil falar sem amor e cuidado.
Muito bom, mesmo!
A pessoa pode ser honesta e sincera, mas ainda assim ir para o inferno.