Pentecostais ou reformados? Luteranos ou católicos? Batistas, assembleianos, presbiterianos ou metodistas? Afinal, quem está certo?
Cada uma dessas denominações – muitas outras poderiam ser citadas -, dentre outras razões pelas quais surgiram, é fruto da interpretação bíblica de seus fundadores. Em algum momento de suas vidas, verdadeiros homens de Deus divergiram no entendimento de questões bíblicas e acharam por bem cada um seguir o seu próprio caminho.
Seja na forma de governo eclesiástico, na soteriologia, na escatologia, ou em qualquer outra subdivisão teológica, absolutamente, NUNCA haverá consenso. Sempre um lado estará equivocado, pois na maioria dos principais temas que compõem a teologia cristã, ainda que secundários e não influenciem na salvação, o antagonismo é a única possibilidade.
Tais interpretações podem, por vezes, até ser expressões válidas do cristianismo, enfocando algum ponto que tenha sido menosprezado pelos outros segmentos em algum tempo da história cristã. Isso sempre foi bom, é bom, e sempre será bom. Sim, pois, imagine o que seria dos cristãos atuais se a Reforma Protestante não tivesse rompido com o paradigma de sua época e colocado a justificação pela fé novamente no seu devido lugar? Ou ainda, o avivamento na rua Azuza, que trouxe de volta e com força o Espírito Santo à agenda teológica e à prática nos círculos cristãos?
Mas a balança, quando ganha de um lado, sempre perde do outro. A verdade é que não existe denominação que esteja isenta de excessos ou, no mínimo, com alguma disparidade em relação a Palavra de Deus. Esse é o ponto aqui!
Dizer que “a minha teologia é o ápice e o que surgiu de melhor até agora” é, no mínimo, de uma prepotência e arrogância sem tamanho por parte de quem fala.
Esse tipo de atitude normalmente impede o cristão de repensar sua teologia e de dialogar com irmãos de outros arraiais. O que falar, por exemplo, daqueles que estão na liderança em suas igrejas? Estes que insistem em manter-se em seu mundinho apenas para que os incômodos de sair da zona de conforto teológica não lhe sobrevenha? Sim, é verdade que uma “simples” mudança de pensamento pode surtir efeito em toda a estrutura de uma igreja local, e tudo isso pode ter o seu custo – imagine ter que repensar todo o doutrinamento, as pregações, os aconselhamentos, etc. Mas o fato é que as vezes isso pode se fazer necessário, e cabe a nós estarmos dispostos a mudar e entender que tal mudança tem a ver com ser bíblico.
Veja, não estou dizendo que os ensinamentos bíblicos são relativos e que mudam conforme a cultura muda, ou qualquer outra sandice do tipo. Eu creio que a verdade absoluta existe, e que Deus a revelou por meio de Sua Palavra. Porém, também aqui há uma verdade: somos limitados! Jamais chegaremos ao conhecimento exaustivo e final das Sagradas Escrituras e, embora isso não deva ser impedimento para que cresçamos no conhecimento, eventualmente estaremos sujeitos a falhar nesse processo.
A questão é que por vezes estamos mais comprometidos com as nossas premissas teológicas do que com o que a Bíblia tem a dizer sobre elas. Por causa desse apego exagerado aos pressupostos denominacionais, perdemos a chance, especialmente, de crescermos, de sermos maleáveis e, repito, de sermos bíblicos.
Aqui faço outro parêntesis. Se você discorda da linha teológica da igreja onde congrega, há duas opções: saia ou se submeta. Obviamente estou assumindo que, no essencial para a fé cristã, o lugar onde você congrega esteja de acordo com o ensinamento bíblico. Mas naquilo que for secundário, aí sim, aplica-se a regra supracitada. Falo assim porque é comum discordarmos de um ou outro ponto, sobretudo se for teológico, mas a submissão aqui é justa e boa, principalmente para que não venhamos a pecar causando murmuração, contenda e divisão desnecessários. Mas então é preciso abdicar de tudo o que penso sobre determinado assunto? De forma alguma! É bem possível conviver com pessoas que pensam diferente de você, sobretudo se forem a maioria. Digo isso com muita convicção, pois sou prova viva dessa realidade – e quem não é?
Entenda que a sua teologia, por mais embasada biblicamente que seja, ainda sim é produto da sua interpretação e do seu entendimento. Levando em consideração que o pecado afetou também nossa capacidade intelectual, eu o aconselho fortemente a considerar o seguinte fato: você pode estar errado! E se viermos a descobrir que estamos? Ora, não há demérito algum nisso. Ao contrário, é uma grande oportunidade do Espírito Santo não só nos iluminar através daquela que é inerrante e infalível – a saber, a Bíblia -, como também de exercitar em nós uma importante característica do Seu fruto, a humildade.
E que a Palavra de Deus prevaleça.
Boa reflexão Mac!
Thanks dude 🙂
Excelente MAC!!
Como teologo, as vezes, tenho medo de pensar que posso estar errado por causa do juízo das pessoas. Porém preciso considerar que estamos sempre na virada dos tempos, e uma mudança de paradigma é sempre importante e necessária. Acredito inclusive que vivemos num tempo de mudança do paradigma eclesiológico. Há cada vez mais uma compreensão lata de Igreja, como corpo universal e mistico de Cristo, e com isto a Igreja local adquire outras compreensões mais próximas ao seu ser em missão do que ao seu ser institucional. Falo isto só para dar um exemplo. Se não estivermos abertos a pensar sobre estas mudanças, vamos ficar defendendo o velho paradigma, assim como os católicos defenderam o velho sistema de cristandade, que acabou ruindo com o tempo…
Muito boa a reflexão Mauricio.
É isso ai Mac, já me peguei pensando nisso, e às vezes o próprio E.S. dá uma incomodada pra me alertar, pra que eu nao seja tão prepotente.
Muitooo bom…
Esse texto veio em boa hora… gostei muito! Desde os casts sobre Arminianismo e Calvinismo estou com algo "atravessado", sabe? Ouvi os quatro na sequência, na esperança de aprender mais um pouco sobre as duas vertentes e, quem sabe, decidir finalmente qual dos lados faria mais sentido pra mim. Qual não foi a surpresa no final de tudo, eu ter ficado ainda mais confuso e com uma estranha tristeza tomando conta de mim. Algo aí está muito errado, mano! Acho que o cristianismo, com o passar dos séculos, ganhou muito em pensadores, filósofos e teólogos, mas perdeu muito para a tendência humana de perder o foco no que é mais importante. Não quero parecer simplório em meu comentário, mas no fim das contas, quando Jesus foi assunto aos céus, a ordem foi dada "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura…" e acredito que deixamos de fazer isso para muitas vezes, como citou um dos convidados, "ficar debatendo com os que pensam diferente".
Amo o BTCast, têm enriquecido muito minha vida, era o pod que estava faltando pra mim, mas me deu medo ver a que ponto certos debates teológicos podem se aprofundar, e temo que isso não seja tão espiritual quanto se pode pensar que é. Inclusive, tenho CERTEZA que lá no céu, diante do grande trono, vou olhar pra cara dos arminianistas e calvinistas roxos e dar muita risada. Espero, pelo menos. Porque se for o céu dos primeiros, terei que me esforçar bastante, mas se for o céu dos segundos, vai saber se fui eleito, né???? 😀
Desculpe o grande comentário, foi desabafo, mas não podia deixar de prestigiar o teu post, que expressa muito daquilo que eu penso. Um abraço, Mac!
Não estudo tudo isso que vc estuda. Meu conhecimento é pequeno ainda. Mas numa frase concordo com vc neste desabafo." Acho que o cristianismo, com o passar dos séculos, ganhou muito em pensadores, filósofos e teólogos, mas perdeu muito para a tendência humana de perder o foco no que é mais importante. Não quero parecer simplório em meu comentário, mas no fim das contas, quando Jesus foi assunto aos céus, a ordem foi dada "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura…"
O evangelho é simples. O amor também é algo para ser sentido e retribuído e não discutido. Acho que muitos penadores se perdem em competir entre si para ver quem é mais inteligente. "Pura vaidade".
Claudio, te entendo perfeitamente. Sem dúvida há excessos. Só é válido lembrar que os pensadores foram levantados através da história por conta de sérias ameaças ao cristianismo. Os embates travados foram – e são – necessários para a preservação da sã doutrina, e é bem verdade que por vezes foram – e são – verdadeiras guerras intelectuais.
Todavia, reiterando, infelizmente há quem leve essas discussões para o lado pessoal e se apegam demais a elas. Aí sabemos como acaba…
Abraço.
Muito bom!!!… Estamos vivendo um tempo de inversão de valores, que sem dúvida acaba afetando o cristianismo de muitos de nós,muitas vezes tirando a Palavra do contexto, usando-a como pretexto para defender cada um a sua linha teológica…uma reinversão desses valores à luz da Palavre de Deus, sem dúvida, se faz necessária para que um grande avivamento da Igreja (corpo de Cristo) aconteça de fato, neste tempo em que estamos vivendo. Oro cada dia para que uma unção de Temor do SENHOR e de uma verdadeira adoração venha sobre a Igreja nos nossos dias, pois só assim, poderemos ver novamente uma Igreja (Corpo de Cristo) pregando a Palavra de Deus na sua essência. Pois, muitas vezes o "zelo teológico" e, porque não dizer, orgulho, tem tentado roubar a essência e excelência da Palavra . "A maioria quer ser cabeça e não cauda"…precisamos acordar como Igreja e, clamarmos por uma voz profética que se levante na unção de Elias e João Batista, pregando arrependimento e Temor do SENHOR e proclamando novamente JESUS CRISTO como a Cabeça da Igreja e então sim, submissos, cada um debaixo de uma unção de amor exercer com liberdade os seus dons dentro do Corpo; não sem antes dar alguns mergulhos no oceano da humildade…A Cabeça comanda o Corpo se submete, e não vice versa… assim as diferenças teológicas não serão impedimento, mas ferramentas que impulsionam a Igreja a caminhar numa liberdade SANTA rumo ao grande avivamento que precederá a volta de CRISTO. O PAI Gracioso nos deixou a Palavra para nos conduzir em segurança na caminhada…, enviou Seu Filho para nos libertar, resgatar e salvar, O Qual cumpriu Sua missão… sendo O MARAVILHOSO, CONSELHEIRO, DEUS FORTE, PAI DA ETERNIDADE E PRÍNCIPE DA PAZ, O CAMINHO A VERDADE E A VIDA,O BOM PASTOR A PALAVRA VIVA, ÁGUA DA VIVA, PÃO DA VIDA,…Se fez Justiça e vencendo a morte pode proclamar: "Eu SOU a Ressurreição e a Vida …" E como se não bastasse voltou para o PAI, com Sua missão cumprida aqui, pois, no céu continua Sua missão intercedendo dia e noite junto ao PAI por nós enquanto prepára-nos um lugar…nos enviam O ESPÍRITO SANTO, O CONSELHEIRO, O ESPÍRITO DA VERDADE que procede do PAI, para nos guiar a toda a Verdade, O Qual dá testemunho de JESUS CRISTO e concordando com JESUS intercede por nós com gemidos inexprimíveis junto ao PAI, nos ajudando em nossa fraqueza quando não sabemos nem como nos expressar…ai, ai, ai você me inspirou, me empolguei e…não vou apagar não…eu queria mesmo dizer: Gostei mesmo da sua reflexão…Glória a Deus!!! Que ELE continue te usando poderosamente…!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Gostei do post, muito sensato em sua opinião.
Quem está certo? Eis a questão.
Uma das coisas que eu mais prezo na minha vida cristã comunitária é o direito individual da não concordência sobre questões teológicas. Ninguém é obrigado a concordar com minhas posições e nem eu sou obrigado a concordar com as dos outros. O respeito deve ser uma regra dentro das comunidades evangélicas.
É claro que devemos combater com veemência as aberrações como por exemplo, a não divindade de Cristo e outras deste naipe, no entanto, sempre com amor e sabedoria. Em assuntos secundários, como os que você citou no artigo, não há necessidade de extremismos ou mesmo discussões prejudiciais à igreja.
É muito bom debater questões de maneira sadia com o objetivo de colocar à prova suas ideias; testá-las. O triste é ver irmãos de fé desprezando não os argumentos das pessoas, mas as pessoas que menifestam os argumentos. Já sofri e já vi diversos casos de irmãos adeptas de um determinado seguimento teológico rotulando irmãos de linhas divergentes como ímpios. Pela simples existência da grande diversidade doutrinária, há possibilidade de erro no meu ponto de vista, por isso, não tenho o direito de caricaturar como ímpio ninguém que pense diferente. Discordar é uma coisa, ser juíz é outra bem diferente.
Quanto ao mais, parabéns pelo artigo irmão MAC.
Seu complemento foi edificante Samuel.
Achei interessante você tocar nesse ponto, a saber, “É muito bom debater questões de maneira sadia com o objetivo de colocar à prova suas ideias; testá-las.”
Ou seja, se não estamos dispostos a isso, estão estamos fazendo teologia por teologia apenas, e não para a glória de Deus.
Abraço.