Cova Rasa

Qual é a função da pregação? Bom, poderíamos dizer aqui que não existe apenas uma função, mas algumas, e todas elas igualmente verdadeiras e bíblicas, uma complementando e reforçando a outra. Em minha opinião, uma das funções da pregação é expor o texto bíblico a toda a congregação. Sim, eu sei que a pregação não se […]



14 de março de 2012 Bibo Reflexões

Qual é a função da pregação? Bom, poderíamos dizer aqui que não existe apenas uma função, mas algumas, e todas elas igualmente verdadeiras e bíblicas, uma complementando e reforçando a outra.

Em minha opinião, uma das funções da pregação é expor o texto bíblico a toda a congregação. Sim, eu sei que a pregação não se resume a essa definição, mas o fiz para salientar esse aspecto que há nela e, diga-se de passagem, pessoalmente creio ser o ponto mais importante a ser considerado na proclamação da Palavra de Deus. O motivo? Simples, tire o texto bíblico e todo o discurso perderá o sentido, a base, o fundamento. Tire o texto bíblico e já na introdução serão apresentados apenas dados desconexos que não terão qualquer ligação com o corpo da mensagem. Tire o texto bíblico e as ilustrações não terão outra função senão desviar a atenção dos ouvintes – talvez aqui você até consiga entretê-los com algumas piadas. Tire o texto bíblico e a aplicação… bem, aplicação do que mesmo?

Não erreis. Pregação NÃO É PALESTRA MOTIVACIONAL! Ela deve ser tratada com seriedade e esmero. Com temor, tremor e gratidão deve se apresentar diante de Deus todo aquele que é chamado para essa tarefa. Quão grande honra e privilégio é esse, o de ser instrumento do Senhor, de ser Seu porta-voz e ser agraciado com o dom de expor o Evangelho de Cristo.

As palavras de Calvino nunca foram tão relevantes como nos nossos dias, quando ele disse que “o púlpito é o trono de onde Deus governa a igreja“. Sim, o Senhor governa Sua Igreja por meio da pregação fiel da Sua Palavra. Por si só isso deveria fazer-nos repensar a forma com que estamos tratando as Escrituras. Nada pior do que fazer uma leitura inicial de uma passagem e relegá-la ao esquecimento enquanto um tema totalmente díspare é tratado.

Pregações rasas é o que temos hoje! Rasas como uma cova-rasa. Semelhanças aqui não são mera coincidência. Uma cova-rasa é cavada às pressas para depositar o defunto. Uma pregação rasa é feita com o desprendimento de um mínimo de tempo. Uma cova-rasa é cavada de qualquer jeito, sem um instrumento adequado. Uma pregação rasa é feita sem oração e meditação na Palavra. De uma cova-rasa pode-se sentir facilmente o mau cheiro do que lá está enterrado. De uma pregação rasa pode-se sentir de longe os equívocos baseado em “ventos” de doutrina. Uma cova-rasa, se atingida por uma enchente não resiste a intempérie, deixando seu conteúdo – o morto – exposto. Quando confrontada com a Palavra uma pregação rasa não prevalece, tendo seu discurso vazio e sem vida revelado.

Quem enterra a pregação legítima e fiel das Escrituras engana-se, pois está enterrando a si mesmo. Fiquemos atentos! A forma com que a pregação é tratada não só diz muito sobre o pregador, como também diz muito sobre o futuro da congregação que é conduzida por ele. Se essa tarefa tão nobre conseguir cair em um total ostracismo, muito provavelmente esse será o mesmo destino dos que se deixam ser conduzidos dessa forma.

Que o Senhor tenha misericórdia e nos livre daqueles que menosprezam e degradam tão excelente chamado.