Comunhão na Terra Média

Quando eu comecei a ler Senhor dos Anéis e a saga na Terra Média, uma coisa me encantava: as pausas que a sociedade do anel fazia para comer e descansar. O livro é permeado por um sentimento de urgência, em que o mal se aproxima rapidamente e há pouco tempo para destruírem o Um Anel. […]



12 de junho de 2019 Bibotalk Textos

Quando eu comecei a ler Senhor dos Anéis e a saga na Terra Média, uma coisa me encantava: as pausas que a sociedade do anel fazia para comer e descansar.

O livro é permeado por um sentimento de urgência, em que o mal se aproxima rapidamente e há pouco tempo para destruírem o Um Anel. Enquanto caminham em direção a Mordor, os heróis são perseguidos por Nazgul, Orcs, Saruman e os Uruk Hai e tantos outros perigos. Mas sempre há um momento para o descanso e a refeição. Às vezes, não têm mais que um pedaço de Lembas para ser dividido entre eles. Mas eles param, descansam, lembram de suas casas, às vezes até cantam canções. Recobram o ânimo e seguem viagem.

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Essa é, pra mim, a mais encantadora metáfora da comunhão cristã. Uma pausa no caos para nos conectarmos uns aos outros, às nossas origens e ao que nos alimenta e fortalece. O descanso rememora as nossas raízes e o destino de paz que almejamos. Coloca todo o caos em perspectiva e faz a jornada ter sentido. Lembramos de quem somos, de onde viemos, para onde vamos e o motivo pelo qual devemos continuar andando.

Quanto mais os membros da sociedade do anel se aproximam de seu objetivo, mais difícil fica para desfrutarem desses momentos. Frodo e Sam seguem pelo rio, Gandalf cavalga com Pippin para Minas Tirith, os outros seguem em direção a Rohan. Separados pelas circunstâncias, continuam juntos em grupos menores. Os encontros ficam mais raros, menos festivos, mais tensos. Mas é justamente esse o momento em que precisam mais de seus companheiros. Sam e Frodo, Legolas e Gimli, Gandalf e Pippin, as relações se intensificam.

E essa também é a dinâmica da comunhão cristã. A iniquidade aumenta, o amor de muitos esfria, mas não devemos abandonar as congregações, antes devemos encorajar uns aos outros quanto mais se aproxima o dia.

Encontremo-nos, partamos o pão, cantemos, consolemos uns aos outros, descansemos à sombra do Onipotente, desfrutemos um pouco da paz que se esvai, para nos levantarmos em nome de uma paz eterna. Caminhando sempre em amor, contra as tentações do ódio e do medo.

*Por Cacau Marques. Pastor Batista e integrante do BTCast, nosso podcast de teologia.