A internet reconfigurou a história da humanidade. Da aquisição do conhecimento aos relacionamentos, a web está presente nessa busca. A vida acontece online, exageradamente falando.
A vida cristã em comunidade também foi afetada pela internet. Desses afetamentos, quero nessa reflexão destacar a aquisição de conteúdo bíblico-teológico online. Milhares de fiéis tiveram uma verdadeira “explosão cognitiva” e viveram um rebuliço em suas mentes.
Essa mudança trouxe um desafio pastoral interessante e desafiador. Antigamente tudo que saia dos púlpitos era absorvido quase sem nenhuma contestação pelos fiéis, um ou outro que tinha uma bíblia de estudo, mas o medo do pastor era maior que seu desejo de trocar uma ideia.
Essa falta de acesso ao saber, ou melhor, essa falta de acesso rápido ao saber dava poder inquestionável aos líderes. Com a internet isso mudou. A proliferação dos sites e blogs teológicos deu chance aos interessados de terem acesso a bom conteúdo e assim poderem confrontar o que ouvem na igreja com aquilo que leem/veem ou ouvem na internet.
Muitos membros desde então, sentiram-se deslocados na igreja local, quando perceberam os desvios teológicos já enraizados em suas comunidades ou a falta de profundidade nas pregações. Desde então, alguns tentam ajudar tornando-se professores de EBD, outros conseguindo espaço para pregar ou montando cursos básicos de teologia. Alguns migram para igrejas históricas ou simplesmente abandonam a comunidade tornando-se “desigrejados”.[1] Fora os que abrem a própria igreja…
Igreja e internet devem caminhar juntas, se uma excluir a outra, os membros perdem. Ah, mas a igreja sempre existiu sem internet, dizem alguns. Verdade, mas agora temos internet e precisamos usá-la a nosso favor.
Pastores precisam se reciclar e se preparar. Não estou dizendo que todos agora devem pregar e ensinar como Nicodemus ou Kivitz, para citar dois que acompanhei por um tempo, mas precisam apresentar uma boa prédica e incentivar o estudo bíblico na congregação, sem medo de ser questionado. Pastores que estudam não têm esse medo (acordem, a igreja percebe quando você está enrolando…)
O outro lado dessa moeda são os produtores de conteúdo online. Eles são suporte às igrejas locais. É dessa maneira que encaramos o ministério do Bibotalk. Não queremos substituir o pastor local ou o professor de EBD, queremos dar apoio ao crescimento do corpo.
É isso que fazemos e pelos testemunhos que recebemos, estamos no caminho. Líderes tem nos indicado nos púlpitos, professores de EBD nos usam como fonte e em muitos lugares onde o estudo teológico é negligenciado ou até mesmo não executável devido a falta de pessoas capacitadas, nos somos único contato com a teologia que a pessoa tem.
Muitos ainda não levam a sério os produtores de conteúdo online, não nos enxergam como ministério: ah, são moleques que falam o que querem na internet (isso é verdade hehe, mas o que queremos falar é coisa boa). Essas pessoas não entendem que muitos membros possuem uma vida online ativa e que por isso o bom conteúdo precisa estar ativo e atualizado na internet.
A missão da igreja hoje, também precisa acontecer na esfera virtual, não como substituta, mas como complemento da atuação presencial, como suporte da igreja local. O número de pessoas abençoadas e edificadas com conteúdo virtual é crescente e impressionante. A liderança não pode mais ignorar isso, precisa se adaptar a essa nova configuração!
O Bibotalk não quer ser uma igreja virtual, quer ser apoio para as igrejas locais, estamos literalmente, graças a internet, indo por todo o mundo!
[1] Uso o termo no sentido de pessoas que não frequentam nenhuma igreja local.