Amar é, pois, sinônimo de desarmar-se, depor as armas. Contudo, depor as armas é abdicar da força. E abdicar da força é ser considerado louco pelos demais e ser abandonado por eles. Daí segue que o amor é incompreensível e doloroso e, por isso, poucos estão dispostos a amar. É certo que quando não amamos verdadeiramente não temos base nem credibilidade para falar do amor de Deus. No caso do cristianismo, há sempre o risco de transformarmos o segmento de Jesus Cristo num segmento de doutrinas e normas morais que, por sua vez, se converta em ideais. O cristão não segue um ideal, nem um sistema de normas de conduta, mas antes de tudo segue uma pessoa. Esta é a grandeza e o escândalo do cristianismo.
Luiz Carlos Sureki in: Perspectiva Teológica. Ano XL Nº 112. p. 398.