Qual é o seu chamado?

Quem nunca ouviu falar de alguém que se disse chamado por Deus para alguma tarefa específica. Eu mesmo tantas vezes falei do meu chamado para servir ao Senhor de tempo integral, para me aperfeiçoar no ministério da docência. Mas o que efetivamente está por trás do chamado de Deus para uma pessoa? Engenheiro, médico, músico, […]



30 de outubro de 2012 Alex Reflexões

Quem nunca ouviu falar de alguém que se disse chamado por Deus para alguma tarefa específica. Eu mesmo tantas vezes falei do meu chamado para servir ao Senhor de tempo integral, para me aperfeiçoar no ministério da docência. Mas o que efetivamente está por trás do chamado de Deus para uma pessoa?

Engenheiro, médico, músico, advogado, são exemplos de profissões. Diz-se da pessoa que possui alguma capacitação técnica que ela é um profissional daquela área. Profissão vem do latim professio que significa confessar, declarar (perante juiz), prometer, anunciar, ensinar.

Cada profissional se compromete (confessa ou professa) a agir e atuar de acordo com aquilo que lhe foi ensinado. Neste sentido, as profissões em geral têm juramentos e/ou códigos de conduta (Código de Conduta Médica, por exemplo). O termo “profissão” tinha portanto, um uso estritamente técnico e jurídico em princípio.

No alemão, profissão é Beruf, quem vem do verbo rufenque significa chamar, convocar. Originalmente esta palavra era utilizada para traduzir o termo latino vocatio(vocação, chamado). Ou seja, a palavra tinha um sentido religioso.

Max Weber observa que o fato de os povos protestantes (ingleses, germânicos e nórdicos) terem utilizado palavras religiosas para descreverem uma função civil (secular) demonstra que a rígida separação entre o que é secular e o que é espiritual (típica da idade média e do ascetismo monástico) havia caído. O secular (profissão), a partir de Lutero, passou a ter um sentido espiritual: Deus estava chamando (rufen) o crente para uma profissão (Beruf). Esta transformação de significado, na tese de Weber, foi o motor para que os protestantes levassem seus países à hegemonia industrial.

Em 1Co 7.17-24 o Apóstolo Paulo discute a questão do chamado. Neste texto, especialmente no v.20 o chamado ao qual o apóstolo chama a permanecer, é o chamado à fé. Não ao estado “profissional”, ou social (escravo, senhor, etc). O texto quer exortar o cristão a permanecer no chamado à fé. Não vale a pena abandonar a fé por causa do sofrimento atual, uma vez que ele é passageiro. Não importa qual trabalho eu tenho, serei um cristão comprometido ali onde estiver. Já ouvi muitas pessoa dizendo que é necessário abandonar determinada profissão para poder ser cristão. Ou mesmos, que quando Deus chama uma pessoa para o ministério na Igreja, isto significa necessariamente abandonar um trabalho secular. Paulo afirma categoricamente que se alguém quiser mudar (deixar de ser escravo, por exemplo) tem a liberdade para tal, porém Cristo não está obrigando ninguém a mudar de profissão, ou “melhorar de vida”, para estar apto a ser seu discípulo. Cada um deve ser fiel à sua vocação (chamado à fé cristã) dentro da sua profissão, estado civil, ou nível social.

Em Cl 3.23-25 Paulo dá uma recomendação muito importante com relação ao trabalho e a profissão. Tudo o que fizermos deve ser feito da melhor forma possível, como se estivéssemos fazendo para o próprio Deus, e não para pessoas. Aqui está em jogo a qualidade do nosso serviço. Nosso trabalho profissional engrandece a Deus na medida em que fazemos o melhor, para a glória dele, pois o que belo e o que é bom reflete o caráter de Deus na pessoa do cristão. É possível compreender a partir do Sl 147.1 que aquilo que é belo e bom louva a Deus.

Quais as implicações práticas destes textos:

1) O trabalho é dádiva de Deus, não um castigo por causa do pecado.

2) O alvo do trabalho é louvar a Deus, não juntar riquezas e enaltecer a si mesmo.

3) O que importa não é quantidade da produção, ou o lucro que vou ter, mas o quanto o nome de Deus é engrandecido através do meu trabalho. O trabalho bem feito louva a Deus, pois é bom testemunho.

4) Tudo deverá ser feito de forma correta e digna.

5) Farei o melhor no meu trabalho, como para Deus mesmo.

6) Trabalho é coisa espiritual, sou cristão inclusive no meu ambiente de trabalho. Orar não é mais espiritual que fazer o que seu patrão lhe pede.

Sempre, em primeiro lugar está o serviço a Deus, é nossa vida que glorifica a Deus (Rm 12.1-2), pois Ele nos amou primeiro. Em segundo lugar está o serviço ao próximo, é o amor decorrente do amor a Deus. Seja fiel ao chamado de Deus à fé em Cristo Jesus por meio da sua fidelidade à sua família, à sua profissão, ao seu país e ao seu próximo. “Quem não ama o seu próximo a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê?”