BTCast 133 – Maria

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22 de dezembro de 2015 01:07:29 BTCast Download
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Muito bem (3x), começa o último BTCast do ano. Todos os btcasters se reúnem para falar sobre a mãe do menino Jesus em nosso especial de Natal 2015!

Nesse episódio entenda as implicações da proposta de Deus feita a Maria, cante coisas corajosas com ela e saiba porque atores globais são péssimos exegetas. Isso e muito mais sobre a mãe de Deus no seu podcast semanal de teologia!

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38 thoughts on “BTCast 133 – Maria

  1. Pensei que o @@alexandreferreirasantos:disqus ia partcipar.kk.Zuando.kk.
    Algo que o pessoal sempre pergunta e não sei se existe diferença.Maria foi agraciado ou é cheia de Graça?.Como se a graça pudesse provim dela, no caso do termo cheia de Graça.

      1. Opa!Obrigado.É que normalmente as pessoas tendem a interpretar como houvesse disparidades entre ambas devido justamente para não dar um ar de superioridade a Maria.Valeu Glorinha!

  2. Mano tenho uma ideia para resolver o desconforto sobre os BTCast Black. A dica é que os episódios exclusivos sejam desta forma por seis meses e depois deste período sejam lançados ao publico. Só uma dica. Que Deus abençoe a todos, sou o pastor capelão Davi Camargo de Porto Alegre, RS.

  3. O que dizer? Irmãos e irmã, muito obrigado pela reflexão natalina! Interessante como, de certa forma, vocês fizeram uma retrospectiva de vários episódios passados: Chamado Missionário, Vontade de Deus, Anjos, Lutero até o Sermão da Montanha entrou. he he. A visão de Maria que vocês apresentaram me ajuda a conhecer Jesus, de verdade.

    Alguns pontos que acho que complementam.

    Me chama atenção a passagem do anúncio do anjo para a cena seguinte, a visita à Isabel. Para mim, a postura de Maria reforça essa ideia de dinamicidade à la Sarah Connor (v.39), ela não fica com “rei na barriga”, mas vai servir a anciã.

    Pelas contas, quando Gabriel faz o anúncio Isabel está com 6 meses de gravidez (v.36) e Maria fica com ela 3 meses (v.56) então provavelmente ela viu João nascer. A tradição católica se serve disso também para opor os dois natais, o de Jesus e o de João, no ciclo solar. Assim o solstício de inverno e o de verão foram “cristificados”.

    Sobre o sistema governamental, Lucas dá uma contextualização precisa no início do cap. 3 do seu
    evangelho de quem era o imperador e seus colaboradores quando Cristo inicia seu ministério. Assim, é certo que no nascimento de Jesus o imperador vigente era Caio Júlio César Otávio ‘Augusto’, o fundador do império romano.

    Uma leitura que é feita também é a desses personagens vinculados à Encarnação como representantes do Antigo Testamento: Maria, José, Zacarias, Isabel, os anciãos Simeão e Ana e João Batista. Maria pode ser vista como a flor da grande árvore Israel, que tem Abraão como raiz, por isso gostei muito da relação que vocês fizeram do Magnificat com as profecias e a tradição sapiencial.

    Mas ao meu ver é importante lembrar que: Essa evidência dada à mãe do Filho de Deus é praticamente lucana. Mateus coloca José como essa ponte entre A.T. e N.T.; João pula a narrativa histórica e dá uma formulação doutrinal para a Encarnação “Et Verbum caro factum est”; Marcos, bem Marcos…, apresenta só o J.B. como o ultimo profeta da Antiga Aliança.

    Sobre a expressão “Theotókos”, ou ainda “Mãe de Deus”, tenho a impressão que a intenção da formulação era provocar mesmo. E fora do contexto da fé cristã ela é tão absurda quanto afirmar que Jesus é totalmente humano e totalmente divino, mas no nosso contexto faz todo sentido teológico.

    Por fim, viajei quando vocês falaram de Maria como testemunha ocular. Ter caminhado naqueles dias na Galileia e em Jerusalém deve ter sido fantástico, mas imaginar a experiência daquela moça que gestou o Salvador é algo que transcende. Acho que nós rapazes sequer temos noção do que é, porém nessa época do ano vale a pena esse exercício mental e espiritual.

    Deus abençoe vocês e que o Emanuel esteja ainda mais entranhado em vocês no novo ano que vai começar.

    P.S.: Não sei se vocês sabem, mas o “Magnificat, Magnificat” que vocês usaram no início do papo é de uma comunidade ecumênica chamada Taizé. Eu ouço muito! 😉

    1. A indicação da música da Taizé foi intencional. Gosto bastante deles também.

      Muito bom o destaque de que Maria saiu para servir. Talvez ela foi impulsionada pela revelação da gravidez de Isabel, mas certamente soube ficar e abençoar a vida da parenta.

      Obrigada pelo comentário!

  4. Eu enxergo as citações de Maria no Evangelho segundo Lucas como, obviamente, posteriores. Logo, é um relato bem ensaiado, por assim dizer. Muito provável que tenha sua origem diretamente de Maria. Acho difícil que a escolha de Maria possa ser superior ou inferior a escolha do seu marido, José. O homem era o provedor. Enxergo Maria em uma mãe que jamais abandonaria um filho, mesmo em seus piores momentos. Não vejo algo sobrenatural nisso. Ainda encontramos muitas em nossos dias. O que Deus enxergou em Maria e José parece-me claro nos textos. Maria era humilde e José justo. A questão da virgindade de Maria está clara no versículo em que ela afirma isso: “E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?” Lucas 1:34 Maria gerava em seu ventre seu próprio Salvador. Por isso era (é) bem aventurada. Da Salvação temos a chance de ter, mas de gerar o Salvador, só ela. Exergo no cântico um relato do futuro. “Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos” Lucas 1:53 Faltou falar sobre a descendência de Davi em relação a Maria

    Acho que faltou bastante coisa, mas foi muito bom. Deixo minha ressalva apenas por alguns comentários de cunho político descontextualizados cada vez mais presentes. Se as tiradas do Milho não são das melhores, ao menos tem razão de existir, do contrário destes. Os vejo como uma poluição auditiva Uma ideia que li abaixo nos comentários sobre o Black achei muito boa: uma liberação tardia gratuita dos mesmos. Acho mais coeso. Não é porque muitos não tem capacidade de ajudar que não valorizam e não anseiam por este trabalho.

    Para este ano que se inicia, desejo a todos nada mais que a humildade característica de Maria e a retidão de seu esposo. Que a vontade de Deus prevaleça e que Sua misericórdia nos alcance.

  5. Consegui entender o termo “mãe de Deus” apersentado, mas convenhamos que de Deus extremamente diminuído em sua glória e numa exceção histórica, Deus comportado e sob cuidados de um humano. Não dá para ignorar que o termo dá impressão e até justificativa para alguns o ato de florearem e fantasiarem uma Maria com poderes e títulos de uma rainha do universo, poderosa mãe celestial,etc que nunca foram conferidos à ela biblicamente segundo nossa visão protestante. Acredito que a aversão evangélica ao termo seja compreensível pelo uso dele atrelado ao culto a Maria. Enfim, belo episódio!

  6. BiboTalk é um diferencial. É tri legal ouvir algo sobre
    Maria e este btcast foi especial. Como fui criado evangélico e com muito pouca
    base teológica no princípio, teve fases em que quase torcia o nariz até para a menção
    de Maria. Graças a Deus hoje mudei o que penso, e ouvir este btcast fortaleceu
    ainda mais isto.

    O que mais contraria o desprezo que eu tinha dela no passado
    é a resposta de Isabel à sua saudação. O fato desta mostrar tamanha reverência
    é destrutivo para a menor indiferença ao papel de Maria. Porém concordo com
    quem pensa que o termo “Mãe de Deus” deveria ser evitado, ainda que se entenda
    o significado bíblico dele. Não é difícil gerar mal-entendidos, e acho que cabe
    não se aproximar de provoca-los. Não confundir aquela expressão com certa
    abertura para a idolatria exige alguma maturidade teológica, que não são todos
    que possuem, como exemplo da nossa presidente…

    Muito obrigado e parabéns.

  7. Me surpreendi com a abordagem! O tema é extremamente oportuno, especialmente para nós, protestantes/reformados/pentecostais, como foi frisado durante a conversa de vocês. O BTCast está levando ao ouvinte esclarecimentos profundos sobre temas espinhosos no meio evangélico, o que tem contribuído, sem dúvida nenhuma, para uma mudança de paradigma na mente de muitos de nós. A abertura para o diálogo e o toque em temas pertinentes ao catolicismo, como tem acontecido especialmente desde o último semestre de 2015, parece-me fundamental para que os muitos ouvintes católicos do BTCast recebam algo substancial da(s) teologia(s) professada(s) pelos realizadores desse que é o único PODCAST que eu tenho me animado a acompanhar semanalmente.

    Deixo aqui o link para um artigo do meu blog sobre o nascimento virginal de Cristo, que poderá facilitar a questão trabalhada no início desse programa:
    http://entreomalhoeabigorna.blogspot.com.br/2015/12/a-biblia-da-bases-para-o-nascimento.html

    Um forte abraço a todos! Tenho orado para que Deus siga na frente desse excelente trabalho, dando-lhes inspiração, sabedoria, criatividade e recursos para infligir cada vez mais hemorragias nasais por aí!
    Natanael

  8. Muito bom o BTCast! 😀 De fato, nós protestantes praticamente jogamos Maria no lixo, como se ela n existisse ou não tivesse importância, é preciso repensar isso.

    A única coisa que não consegui aceitar foi a ideia de Maria ser Mãe de Deus. Tipo, eu só posso gerar algo que tem a mesma natureza que eu. Um ser humano gera outro ser humano, Deus Pai gera Deus Filho. Pra Maria ser mãe de Deus ela teria que ter gerado o Deus Filho, mas ela gerou o ser humano Jesus…pelo menos é assim que entendo. Peço que me esclareçam se meu raciocínio estiver equivocado! 🙂

    1. Palavras do anjo: “José, filho de Davi, não temas receber a Maria como sua mulher, pois o que nela está gerado é do Espírito Santo.” (Mateus 1: 20). Parece-me claro que a geração de Jesus em Maria se deu como algo totalmente relacionado a ação do Espírito Santo (sem a necessidade do óvulo de Maria). É mais lógico pensar que o embrião de Cristo foi gerado dentro de Maria, mas como ação total do espírito santo, sem necessariamente a utilização das “células germinativas” de Maria. Nesse sentido, vejo parecido como você vê: que Maria poderia até ser chamada de ‘Mãe de Deus’ em sentido puramente metafórico ou alegórico, mas não em sentido literal. É o que penso!

      1. Só tenho uma objeção: se na concepção ele não é humano, então não o seria em qualquer outro momento. ou seja, a tese falha ao não conseguir manter intacta a humanidade de Jesus, que seria, segundo sua tese, já desde o princípio substituída pela sua divindade.

        1. Seu comentário foi interessante (e agradeço por isso). Mas há um pequeno detalhe que talvez você não tenha entendido em minha fala. Primeiro que eu não disse que Cristo não era humano desde a concepção. O que fiz foi repetir as palavras do anjo de que ‘o ente que fora gerado em Maria é do Espírito Santo’. Isso não tem nenhuma relação com a humanidade de Jesus (e também não a impossibilita). Jesus é humano porque ‘nasceu’ de uma mulher, e não porque foi ‘gerado’ por ela. E é Deus porque foi ‘gerado’ pelo Espírito Santo e não por uma mulher (Maria). Ora, acaso Deus só seria capaz de gerar um humano ‘através’ de outro humano? Onde ficaria a capacidade ‘ex nihilo’ de Deus? Jesus foi filho de Maria, mas ‘a divindade de Jesus’ não provem de Maria. A seguinte metáfora descreve bem o poder de Deus: [···] “Destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão.” (Lucas 3: 8)

          1. Se Deus quisesse gerar um ser humano “ex nihilo” o teria feito, nisso você está coberto de razão, entretanto fazemos teologia com base no que a Escritura efetivamente registra, e não no que ela não registra. Portanto, não importa o que Deus poderia ter feito (mas não fez), importa somente o que aconteceu e o que aconteceu foi que Jesus objetivamente nasceu de Maria. Ora, um ser humano para ser definido como tal não apenas foi gestado por uma mãe humana, mas foi também por ela gerado. Vemos isto na natureza quando há cruzamentos que geram indivíduos híbridos (sem capacidade de se reproduzirem). Nenhum biólogo dirá que uma mula é uma égua por ter sido gerada de uma égua, nem um burro é um cavalo por ter sido gerado de um cavalo. Por esta razão critiquei o problema da analogia biológica que você introduziu no primeiro comentário. A biologia não nos ajuda a entender o que acontece com Cristo simplesmente pq o que aconteceu em Cristo é único, é singular, é sem analogias na história, não é reproduzível pois quaisquer meios. E por esta razão (impossibilidade de se repetir o feito) não há que se buscar explicações na ciência para um fenômeno que só precisa de explicação no campo da teologia. Nenhum biólogo ou cientista se ocupa com a natureza do ser humano, já que esta questão é uma preocupação estritamente filosófica (e metafísica). Também a preocupação com a natureza de Deus (e de Cristo, por consequência) não é uma preocupação cientifica (nem tem como ser), mas somente filosófica e teológica, justamente por ser uma questão metafísica. Voltando ao ponto, ao se buscar uma explicação natural para aquilo que aconteceu no ventre de Maria (Bultmann fazia isto com maestria!) há a tendência de, ou se diminuir a natureza humana de Cristo, ou se diminuir a natureza divina de Cristo. A analogia entis falha justamente pois quer salvaguardar a divindade de Cristo à custa da sua humanidade. Se Cristo fosse gerado ex nihilo ( sem a ajuda de Maria) então ele permaneceria Deus, mas NUNCA seria humano de fato – não poderia ser alguém da descendência de Adão – seria UM OUTRO humano. Deus não estaria enviando seu filho para nascer como nós nascemos, estaria enviando alguém que se parece (dokeo = parecer / docetismo já ensinava isso) conosco, mas não compartilha nossa essência enquanto género humano. Se não compartilha nossa essência humana, não pode levar sobre si nosso pecado.
            Por isto Jesus vou concebido pelo Espirito Santo, i.é, se foi concebido precisa ser concebido EM e COM alguém outra. Somente bebes de proveta são concebidos em tubos de ensaio (e ainda assim precisam do ovulo de uma mulher!). Jesus é nascido da virgem Maria e isto põe fim a historia: ela é a primeira testemunha ocular do fato de que Cristo é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. E por isto ela é Mãe de Deus, se não o fosse, nossa salvação seria apenas um engodo.

          2. Alexander. Agradeço mais uma vez a sua paciência em me responder (estando eu certo ou errado, sua atenção já demonstra que há relevância na discussão). No entanto, farei ainda algumas considerações sobre seu raciocínio. Vamos lá:

            1) Nossa discussão “filosófico-teológica” não foge das Escrituras (nem o seu raciocínio, nem o meu). Por mais que eu tenha usado um “argumento especulativo” sobre o ‘embrião de Cristo’, essa foi uma dedução com base nas palavras do anjo. Logo, não estou fazendo uma teologia que vá além das Escrituras. Ouso dizer que o seu raciocínio é que ‘depende um pouco mais’ de informações da biologia (explico logo mais). Além do mais, teologia é precisamente isso: exercício especulativo, nada mais!

            2) De fato, Deus não ‘gerou’ Jesus ‘ex nihilo’ da mesma forma como ‘das pedras suscitaria filhos a Abraão’, mas nada impede que tenha gerado ‘em Maria’ um embrião humano ‘ex nihilo’ (o que sou inclinado a crer que o tenha feito). Digo isso com base no seguinte raciocínio: quando Lucas escreveu seu Evangelho, o conhecimento humano acerca da concepção não era o mesmo de hoje. Portanto, é difícil imaginar como o ‘autor entendia’ a participação da mulher no processo de ‘concepção’. A bíblia sempre indica como sendo ‘a semente do homem aquela que ‘germina’ no terreno fértil da mulher’ (é como se a mulher fosse entendida como ‘o terreno fértil’ em que a semente é nutrida, mas não gerada). Eis ‘uma’ das razões pelas quais nas genealogias bíblicas o filho é sempre ‘gerado’ pelo pai. Nas genealogias as mulheres nunca são citadas como geradoras. Pelo contrário, ‘ quando citadas’ o são por algum feito importante na história: Raabe, Rute, Maria, etc. (obviamente, compreendemos que o conhecimento da humanidade não muda a realidade em si, mas isso é relevante – no caso da concepção de Cristo – pois, logicamente, ou filosoficamente como preferir, isto implica no fato de que um ser só pode gerar aquilo que é de sua mesma natureza. Deus seria uma exceção. Explicarei a questão ‘Deus como exceção’ mais a frente). De qualquer modo, para o leitor do primeiro século, seria complicado fazer a leitura das palavras do evangelho e conectar a ‘geração’ de Cristo ‘por’ Maria em sentido como entendemos hoje. Era bem mais fácil entender isso como ‘em’ Maria (creio que esse seja o sentido original a que o anjo remeteu). O ‘ente’ seria do Espírito Santo. Portanto, é perfeitamente possível que a geração de Cristo em Maria tenha sim sido (em termos biológicos) ‘ex nihilo’. Isso não foge em nada ao texto revelado;

            3) Sua analogia ao caso da ‘mula e da égua’, com todo respeito, não faz o menor sentido e só reforça a minha opinião (mostrando que o seu raciocínio depende da biologia mais do que o meu). Para um biólogo uma ‘mula’ não é uma égua justamente por ser híbrido (a junção de duas espécies). Se Jesus fosse a junção de um óvulo de Maria e de um “espermatozóide” divino (o que na prática teria que ser para seu raciocínio estar correto), Jesus NUNCA seria humano: seria híbrido (um ser ‘entre o humano e o divino’: a junção de duas espécies de ‘essências’ distintas). Portanto, Jesus não foi humano porque foi ‘gerado em contingência’ da forma como você imagina. Ele foi humano porque Deus quis que assim o fosse (por ter nascido de uma mulher humana e ter sido ‘gerado’ por Deus dentre dela, como humano). A questão do ‘óvulo’, no final das contas, é que acaba se tornando irrelevante na questão (e até limitante ao poder de Deus, como se Deus dependesse de um óvulo para ‘gerar’ um humano). E o Jesus híbrido? Eis a questão crucial: nem humano, nem divino (é a conclusão mais lógica do seu raciocínio quando levado até as últimas consequências). Jesus estaria mais para “Hércules”, semi-deus (como pensavam os gregos) do que para Deus e Homem ao mesmo tempo. Portanto, a ideia do Jesus ‘OUTRO HUMANO’ é mais fortalecida pelo seu argumento (o personagem mitológico Hércules era um tipo de ‘outro humano’ para os gregos, assim como a ‘mula’ é uma ‘outra espécie’ quando comparada as éguas);

            4) Suas palavras: “a biologia não nos ajuda a entender o que acontece com Cristo simplesmente pq o que aconteceu em Cristo é único, é singular, é sem analogias na história, não é reproduzível pois quaisquer meios.” Essa foi a coisa mais coerente e verdadeira em suas palavras até aqui e nisso estamos completamente em acordo;

            5) Suas palavras: “Também a preocupação com a natureza de Deus (e de Cristo, por consequência) não é uma preocupação cientifica (nem tem como ser), mas somente filosófica e teológica, justamente por ser uma questão metafísica.” Aí é que ta: o que é metafísica? É justamente o contrário do que você disse. Metafísica é o estudo da realidade em quanto tal. Quando um filósofo afirma a natureza metafísica de algo, ele se usa de tudo aquilo que o ente ‘oferece sobre si’ para a formulação do que aquilo seja em termos reais. A metafísica compreende tudo o que se pode saber a respeito de algo. O texto bíblico não aprofunda na natureza metafísica da questão de ‘Maria como mãe de Deus’. É a teologia (matéria puramente especulativa) que se arrisca a explicar isso. E como a metafísica é questão filosófica, o ‘dogmatismo’ de Maria como ‘mãe de Deus’ (o que implica que a natureza humana de Maria gerou a natureza divina de Cristo, logicamente) tem sérios problemas lógicos e até epistemológicos;

            6) E quanto a proposição de Calcedônia sobre as ‘duas naturezas de Cristo’, mais uma vez: embora o Concílio não tenha qualquer autoridade em si mesmo, creio que a idéia de que Deus concebe a Cristo ‘em’ Maria, como já demonstrado, não diminui (nem compromete) em nada a humanidade de Cristo. Pelo contrário: a tentativa de explicar uma concepção entre Deus e Maria do modo mais natural possível (óvulo + “espermatozóide” divino), ou melhor: em misturar a ‘natureza da concepção biológica’ com o ‘milagre’ é que acaba por “hibridizar” a Cristo (tornando-o um ‘semi-deus’), comprometendo sua ‘plena humanidade’ e fazendo surgir mais problemas quando pensamos na questão seriamente;

            7) Por fim, todo o raciocínio em torno da ‘Mãe de Deus’ ainda gera o último problema: de onde provém a ‘natureza divina de Jesus’? De Maria? Se assim o for, Maria também é divina (diferente de Deus, ela não é onipotente). De Deus? Com certeza! (o que não tornaria Maria a ‘mãe de Deus’ em sentido pleno, mas apenas em sentido alegórico, como afirmei na primeira postagem). E a natureza humana de Jesus provém de quem? De Maria? É possível (embora haja o problema da hibridação de Jesus. Mas é possível). De Deus? Por que não? Há algo que impede Deus de fazê-lo? (Afinal, o único onipotente na história aqui é Ele). “Ah… Mas as naturezas de Cristo são indivisíveis!” (alguém poderia dizer). Mero raciocínio teológico (especulativo) de Calcedônia (não ajuda a explicar nada, só é uma forma de driblar com raciocínios estranhos o problema ‘lógico’ de um tipo de “semi-deus” nascente).

            Espero que tenhas entendido os meus argumentos.

            Abraço.

          3. Alexander. Agradeço mais uma vez a sua paciência em me responder (estando eu certo ou errado, sua atenção já demonstra que há relevância na discussão). No entanto, farei ainda algumas considerações sobre seu raciocínio. Vamos lá:

            1) Nossa discussão “filosófico-teológica” não foge das Escrituras (nem o seu raciocínio, nem o meu). Por mais que eu tenha usado um “argumento especulativo” sobre o ‘embrião de Cristo’, essa foi uma dedução com base nas palavras do anjo. Logo, não estou fazendo uma teologia que vá além das Escrituras. Ouso dizer que o seu raciocínio é que ‘depende um pouco mais’ de informações da biologia (explico logo mais). Além do mais, teologia é precisamente isso: exercício especulativo, nada mais!

            2) De fato, Deus não ‘gerou’ Jesus ‘ex nihilo’ da mesma forma como ‘das pedras suscitaria filhos a Abraão’, mas nada impede que tenha gerado ‘em Maria’ um embrião humano ‘ex nihilo’ (o que sou inclinado a crer que o tenha feito). Digo isso com base no seguinte raciocínio: quando Lucas escreveu seu Evangelho, o conhecimento humano acerca da concepção não era o mesmo de hoje. Portanto, é difícil imaginar como o ‘autor entendia’ a participação da mulher no processo de ‘concepção’. A bíblia sempre indica como sendo ‘a semente do homem aquela que ‘germina’ no terreno fértil da mulher’ (é como se a mulher fosse entendida como ‘o terreno fértil’ em que a semente é nutrida, mas não gerada). Eis ‘uma’ das razões pelas quais nas genealogias bíblicas o filho é sempre ‘gerado’ pelo pai. Nas genealogias as mulheres nunca são citadas como geradoras. Pelo contrário, ‘ quando citadas’ o são por algum feito importante na história: Raabe, Rute, Maria, etc. (obviamente, compreendemos que o conhecimento da humanidade não muda a realidade em si, mas isso é relevante – no caso da concepção de Cristo – pois, logicamente, ou filosoficamente como preferir, isto implica no fato de que um ser só pode gerar aquilo que é de sua mesma natureza. Deus seria uma exceção. Explicarei a questão ‘Deus como exceção’ mais a frente). De qualquer modo, para o leitor do primeiro século, seria complicado fazer a leitura das palavras do evangelho e conectar a ‘geração’ de Cristo ‘por’ Maria em sentido como entendemos hoje. Era bem mais fácil entender isso como ‘em’ Maria (creio que esse seja o sentido original a que o anjo remeteu). O ‘ente’ seria do Espírito Santo. Portanto, é perfeitamente possível que a geração de Cristo em Maria tenha sim sido (em termos biológicos) ‘ex nihilo’. Isso não foge em nada ao texto revelado;

            3) Sua analogia ao caso da ‘mula e da égua’, com todo respeito, não faz o menor sentido e só reforça a minha opinião (mostrando que o seu raciocínio depende da biologia mais do que o meu). Para um biólogo uma ‘mula’ não é uma égua justamente por ser híbrido (a junção de duas espécies). Se Jesus fosse a junção de um óvulo de Maria e de um “espermatozóide” divino (o que na prática teria que ser para seu raciocínio estar correto), Jesus NUNCA seria humano: seria híbrido (um ser ‘entre o humano e o divino’: a junção de duas espécies de ‘essências’ distintas). Portanto, Jesus não foi humano porque foi ‘gerado em contingência’ da forma como você imagina. Ele foi humano porque Deus quis que assim o fosse (por ter nascido de uma mulher humana e ter sido ‘gerado’ por Deus dentre dela, como humano). A questão do ‘óvulo’, no final das contas, é que acaba se tornando irrelevante na questão (e até limitante ao poder de Deus, como se Deus dependesse de um óvulo para ‘gerar’ um humano). E o Jesus híbrido? Eis a questão crucial: nem humano, nem divino (é a conclusão mais lógica do seu raciocínio quando levado até as últimas consequências). Jesus estaria mais para “Hércules”, semi-deus (como pensavam os gregos) do que para Deus e Homem ao mesmo tempo. Portanto, a ideia do Jesus ‘OUTRO HUMANO’ é mais fortalecida pelo seu argumento (o personagem mitológico Hércules era um tipo de ‘outro humano’ para os gregos, assim como a ‘mula’ é uma ‘outra espécie’ quando comparada as éguas);

            4) Suas palavras: “a biologia não nos ajuda a entender o que acontece com Cristo simplesmente pq o que aconteceu em Cristo é único, é singular, é sem analogias na história, não é reproduzível pois quaisquer meios.” Essa foi a coisa mais coerente e verdadeira em suas palavras até aqui e nisso estamos completamente em acordo;

            5) Suas palavras: “Também a preocupação com a natureza de Deus (e de Cristo, por consequência) não é uma preocupação cientifica (nem tem como ser), mas somente filosófica e teológica, justamente por ser uma questão metafísica.” Aí é que ta: o que é metafísica? É justamente o contrário do que você disse. Metafísica é o estudo da realidade em quanto tal. Quando um filósofo afirma a natureza metafísica de algo, ele se usa de tudo aquilo que o ente ‘oferece sobre si’ para a formulação do que aquilo seja em termos reais. A metafísica compreende tudo o que se pode saber a respeito de algo. O texto bíblico não aprofunda na natureza metafísica da questão de ‘Maria como mãe de Deus’. É a teologia (matéria puramente especulativa) que se arrisca a explicar isso. E como a metafísica é questão filosófica, o ‘dogmatismo’ de Maria como ‘mãe de Deus’ (o que implica que a natureza humana de Maria gerou a natureza divina de Cristo, logicamente) tem sérios problemas lógicos e até epistemológicos;

            6) E quanto a proposição de Calcedônia sobre as ‘duas naturezas de Cristo’, mais uma vez: embora o Concílio não tenha qualquer autoridade em si mesmo, creio que a idéia de que Deus concebe a Cristo ‘em’ Maria, como já demonstrado, não diminui (nem compromete) em nada a humanidade de Cristo. Pelo contrário: a tentativa de explicar uma concepção entre Deus e Maria do modo mais natural possível (óvulo + “espermatozóide” divino), ou melhor: em misturar a ‘natureza da concepção biológica’ com o ‘milagre’ é que acaba por “hibridizar” a Cristo (tornando-o um ‘semi-deus’), comprometendo sua ‘plena humanidade’ e fazendo surgir mais problemas quando pensamos na questão seriamente;

            7) Por fim, todo o raciocínio em torno da ‘Mãe de Deus’ ainda gera o último problema: de onde provém a ‘natureza divina de Jesus’? De Maria? Se assim o for, Maria também é divina (diferente de Deus, ela não é onipotente). De Deus? Com certeza! (o que não tornaria Maria a ‘mãe de Deus’ em sentido pleno, mas apenas em sentido alegórico, como afirmei na primeira postagem). E a natureza humana de Jesus provém de quem? De Maria? É possível (embora haja o problema da hibridação de Jesus. Mas é possível). De Deus? Por que não? Há algo que impede Deus de fazê-lo? (Afinal, o único onipotente na história aqui é Ele). “Ah… Mas as naturezas de Cristo são indivisíveis!” (alguém poderia dizer). Mero raciocínio teológico (especulativo) de Calcedônia (não ajuda a explicar nada, só é uma forma de driblar com raciocínios estranhos o problema ‘lógico’ de um tipo de “semi-deus” nascente).

            Espero que tenhas entendido os meus argumentos.

            Abraço.

  9. Estou quase terminando de escutar, e está sensa… Mesmo antes de iniciar o tema, só de ver a interação maravilhosa de todos juntos nesse episódio, fiquei muito feliz, mesmo! Estava com saudade de todos juntos. Grande é o Senhor!

  10. Gostei de ouvir o Edson Bruno com sua voz incrível nas vírgulas do episódio. Ele fazia um programa de rádio aqui em Manaus e eu o ouvia sempre. Me senti em casa. No que disse o pessoal nos comentários, foi realmente um bom papo. Parabéns.

  11. É tão bom ouvir sobre essa mulher tão corajosa! Foi ótimo poder refletir sobre a carga social que ela carregou e por tudo que ela abriu mão em nome da vontade de Deus para a vida dela. Que mulher!
    Obrigada por esse podcast!

  12. Muito bom! Foi um programa maravilhoso e imagino que cheio de hemorragias para os cristãos protestantes que olhavam para Maria pelo outro extremo, conforme a Glória citou no programa. Sinto que vocês prestaram um grande serviço aos ouvintes, ensinando de forma bem honesta aquilo que, na verdade, diverge um pouco do que a doutrina católica ensina, mas ainda assim está mais próximo do que muita gente imagina.

    Como católico, é claro, me permitam fazer algumas considerações:

    Primeiramente é preciso acabar com este mito, que para alguns – sinto que não é o caso de vocês – chega a soar até como uma desonestidade, de que os católicos adoram, idolatram, endeusam – como nossa ilustre Presidente mencionou – Maria. Isto é Mito! A Igreja Católica Apostólica Romana não ensina isso em nenhum documento, em nenhum Concílio e em absolutamente lugar algum. Se há algum livro, escritos, músicas ou qualquer outra obra de pessoas católicas com este conteúdo, como o Padre Alexandre mencionou no programa em que esteve presente, está completamente fora da ortodoxia, e obviamente, se algum fiel, que se diz católico faz isso, está deixando de ser católico no exato momento.

    A Igreja Católica ensina-nos a adorar [LATRIA] somente ao Deus Uno e Trino, nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo; Ensina a venerar e honrar [DULIA] aos Anjos e Santos; E à Maria então, o culto que prestamos é o de [HIPERDULIA], ou seja: nós honramos e veneramos de forma ainda mais especial, de forma superior à DULIA, mas obviamente, de forma inferior ao LATRIA.

    Bom, vou continuar citando partes do que a doutrina da igreja – principalmente do Catecismo da Igreja Católica (CIC), que podemos dizer que depois da bíblia é o livro mais importante para os Católicos – nos ensina sobre Maria, ok?

    Concebido pelo poder do Espírito Santo

    CIC 484. A Anunciação a Maria inaugura a «plenitude dos tempos» (Gl 4, 4), isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Cl 2, 9). A resposta divina ao seu “como será isto, se Eu não conheço homem?” (Lc 1, 34) é dada pelo poder do Espírito: «O Espírito Santo virá sobre ti» (Lc 1, 35).

    CIC 485. A missão do Espírito Santo está sempre unida e ordenada à do Filho (123). O Espírito Santo, que é «o Senhor que dá a Vida», é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e para fecundá-la pelo poder divino, fazendo-a conceber o Filho eterno do Pai, numa humanidade originada da sua.

    CIC 486. Tendo sido concebido como homem no seio da Virgem Maria, o Filho único do Pai é «Cristo», isto é, ungido pelo Espírito Santo (124), desde o princípio da sua existência humana, embora a sua manifestação só se venha a fazer progressivamente: aos pastores (125), aos magos 126), a João Baptista (127), aos discípulos (128). Toda a vida de Jesus Cristo manifestará, portanto, «como Deus O ungiu com o Espírito Santo e o poder» (At 10, 38).

    Nascido Virgem Maria

    CIC 487. O que a fé católica crê a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo.

    A predestinação de Maria – Maria foi separada por Deus – Como disse o Milho.

    CIC 488. «Deus enviou o seu Filho» (GI 4, 4). Mas, para Lhe «formar um corpo» (129), quis a livre cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galiléia, virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. “O nome da virgem era Maria (Lc 1, 26-27): O Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para Mãe, precedesse a Encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida (130).

    CIC 489. Ao longo da Antiga Aliança, a missão de Maria foi preparada pela missão de santas mulheres. Logo no princípio, temos Eva; apesar da sua desobediência, ela recebe a promessa duma descendência que sairá vitoriosa do Maligno (131) e de vir a ser a mãe de todos os vivos (132). Em virtude desta promessa, Sara concebe um filho, apesar da sua idade avançada (133). Contra toda a esperança humana, Deus escolheu o que era tido por incapaz e fraco (134) para mostrar a sua fidelidade à promessa feita: Ana, a mãe de Samuel (135), Débora, Rute, Judite e Ester e muitas outras mulheres. Maria «é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a longa espera da promessa, cumprem-se os tempos e inaugura-se a nova economia da salvação» (136).

    A Imaculada Conceição

    CIC 490. Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria «foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão» (137). O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como «cheia de graça»(138). Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.

    CIC 491. Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, «cumulada de graça» por Deus (139), tinha sido redimida desde a sua conceição. É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição, procla­mado em 1854 pelo Papa Pio IX: «Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua conceição» (140).

    CIC 492. Este esplendor de uma «santidade de todo singular», com que foi «enriquecida desde o primeiro instante da sua conceição» (141), vem-lhe totalmente de Cristo: foi «remida dum modo mais sublime, em atenção aos méritos de seu Filho» (142). Mais que toda e qualquer outra pessoa criada, o Pai a «encheu de toda a espécie de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo» (Ef 1, 3).«N’Ele a escolheu antes da criação do mundo, para ser, na caridade, santa e irrepreensível na sua presença» (Ef 1, 4).

    CIC 493. Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus «a toda santa» («Panaghia»), celebram-na como «imune de toda a mancha de pecado, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura» (143). Pela graça de Deus, Maria manteve-se pura de todo o pecado pessoal ao longo de toda a vida.

    Faça-se em mim segundo a tua Palavra

    CIC 494. Ao anúncio de que dará à luz «o Filho do Altíssimo», sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo (144), Maria respondeu pela «obediência da fé» (145), certa de que «a Deus nada é impossível»: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d’Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção (146).

    Como diz Santo Irineu, “obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano” (147). Eis porque não poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações, que “o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé” (148); e, por comparação com Eva, chamam Maria a “Mãe dos vivos” e afirmam muitas vezes: “a morte veio por Eva, a vida veio por Maria”» (149).

    A Maternidade Divina de Maria

    CIC 495. Chamada nos evangelhos «a Mãe de Jesus» (Jo 2, 1; 19, 25)(150), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do nascimento do seu Filho, como «a Mãe do meu Senhor» (Lc 1, 43). Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus («Theotokos») (151).

    A Virgindade de Maria

    CIC 496. Desde as primeiras formulações da fé (152), a Igreja confessou que Jesus foi concebido unicamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando igualmente o aspecto corporal deste acontecimento: Jesus foi concebido « absque semine, […] ex Spiritu Sancto – do Espírito Santo, sem sêmen [de homem]» (153). Os Santos Padres veem, na conceição virginal, o sinal de que foi verdadeiramente o Filho de Deus que veio ao mundo numa humanidade como a nossa:

    Diz, por exemplo, Santo Inácio de Antioquia (princípio do século II): «Vós estais firmemente convencidos, a respeito de nosso Senhor, que Ele é verdadeiramente da raça de David segundo a carne (154). Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus (155); verdadeiramente nascido duma virgem […], foi verdadeiramente crucificado por nós, na sua carne, sob Pôncio Pilatos […] e verdadeiramente sofreu, como também verdadeiramente ressuscitou» (156).

    CIC 497. As narrativas evangélicas (157) entendem a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa toda a compreensão e possibilidade humanas (158): «O que foi gerado nela vem do Espírito Santo», diz o anjo a José, a respeito de Maria, sua esposa (Mt 1, 20). A Igreja vê nisto o cumprimento da promessa divina feita através do profeta Isaías: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho» (Is 7, 14), segundo a tradução grega de Mt 1, 23.

    CIC 498. Tem, por vezes, causado impressão o silêncio do Evangelho de São Marcos e das epístolas do Novo Testamento sobre a conceição virginal de Maria. Também foi questionado, se não se trataria aqui de lendas ou construções teológicas fora do âmbito da historicidade. A isto há que responder: a fé na conceição virginal de Jesus encontrou viva oposição, troça ou incompreensão por parte dos não-crentes, judeus e pagãos (159); mas não tinha origem na mitologia pagã, nem era motivada por qualquer adaptação às ideias do tempo. O sentido deste acontecimento só é acessível à fé que o vê no «nexo que liga os mistérios entre si» (160), no conjunto dos mistérios de Cristo, da Encarnação até à Páscoa. Já Santo Inácio de Antioquia fala deste nexo: «O príncipe deste mundo não teve conhecimento da virgindade de Maria e do seu parto, tal como da morte do Senhor: três mistérios extraordinários, que se efetuaram no silêncio de Deus» (161).

    Maria – Sempre Virgem

    CIC 499. O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria (162), mesmo no parto do Filho de Deus feito homem (163). Com efeito, o nascimento de Cristo «não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal» da sua Mãe (164).

    A Liturgia da Igreja celebra Maria “Aeiparthenos” como a «sempre Virgem»(165)

    CIC 500. A isso objeta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus (166). A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, «irmãos de Jesus» (Mt 13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo (167) designada significativamente como «a outra Maria» (Mt 28, 1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento (168).

    CIC 501. Jesus é o filho único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria (169) estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: «Ela deu à luz um Filho que Deus estabeleceu como “primogênito de muitos irmãos” (Rm 8, 29), isto é, dos fiéis para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe» (170).

    A Maternidade Virginal de Maria no Plano de Deus

    CIC 502. O olhar da fé pode descobrir, em ligação com o conjunto da Revelação, as razões misteriosas pelas quais Deus, no seu desígnio salvífico, quis que o seu Filho nascesse duma virgem. Tais razões dizem respeito tanto à pessoa e missão redentora de Cristo como ao acolhimento dessa missão por Maria, para bem de todos os homens:

    CIC 503. A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação. Jesus só tem Deus por Pai (171). «A natureza humana, que Ele assumiu, nunca O afastou do Pai […]. Naturalmente Filho do seu Pai segundo a divindade, naturalmente Filho da sua Mãe segundo a humanidade, mas propriamente Filho de Deus nas suas duas naturezas» (172).

    CIC 504. Jesus é concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, porque Ele é o Novo Adão(173), que inaugura a criação nova: «O primeiro homem veio da terra e do pó: o segundo homem veio do céu» (1 Cor 15, 47). A humanidade de Cristo é, desde a sua conceição, cheia do Espírito Santo, porque Deus «não dá o Espírito por medida» (Jo 3, 34). É da «sua plenitude», que Lhe é própria enquanto cabeça da humanidade resgatada que «nós recebemos graça sobre graça» (Jo 1, 16).

    CIC 505. Jesus, o novo Adão, inaugura, pela sua conceição virginal, o novo nascimento dos filhos de adoção, no Espírito Santo, pela fé, «Como será isso?» (Lc 1, 34) (175). A parti­cipação na vida divina não procede «do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus» (Jo 1, 13). A recepção desta vida é virginal, porque inteiramente dada ao homem pelo Espírito. O sentido esponsal da vocação humana, em relação a Deus (176), foi perfeitamente realizado na maternidade virginal de Maria.

    CIC 506. Maria é virgem, porque a virgindade é nela o sinal da sua fé, «sem a mais leve sombra de dúvida» (177) e da sua entrega sem reservas à vontade de Deus (178). É graças à sua fé que ela vem a ser a Mãe do Salvador: «Beatior est Maria percipiendo fïdem Christi quam concipiendo carnem Christi – Maria é mais feliz por receber a fé de Cristo do que por conceber a carne de Cristo» (179).

    CIC 507. Maria é, ao mesmo tempo, virgem e mãe, porque é a figura e a mais perfeita realização da Igreja (180): «Por sua vez, a Igreja, que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da Palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é virgem, pois guarda fidelidade total e pura ao seu esposo» (181).

    Continuando um pouco mais… desculpem :

    Maria ocupa um lugar muitíssimo especial: está entre a Santíssima Trindade e os anjos e santos. Por um desígnio especial, foi escolhida por Deus para trazer ao mundo o Seu Filho. E Deus não muda. É por ela, portanto, que Jesus continua a ser gerado ao longo da história. Ela ouve os pedidos dos homens, mas, estando em Deus, participa por graça daquilo que Deus quer que ela saiba. Contudo, ela não é onipotente nem mesmo onipresente, mas, estando em Deus ressuscitada (corpo e alma) pode estar presente onde quer que o Corpo de Cristo esteja no mundo. A Virgem Maria faz parte da misteriosa economia salvífica de Deus.

    Maria Mãe de Cristo e Mãe da Igreja
    Trechos: padrepauloricardo.org

    Alguns teólogos apresentam Maria como sendo uma “cristã”, ou seja, uma discípula de Jesus. Para eles, ela é tão-somente um membro da Igreja, muito embora seja cheia de virtudes, santa, como só ela é santa, não passa de um membro e, como tal, deve ser estudada, dentro da chamada perspectiva eclesiológica, ou seja, como mais um dos capítulos do estudo da Igreja.

    A abordagem eclesiológica tende a normalizar Maria, ou seja, a evidenciar nela qualidades humanas comuns, de maneira ecumênica, o que possibilita que outras confissões a aceitem com mais facilidade. É o caso dos luteranos, que têm Maria como uma mulher exemplar, membro do Corpo de Cristo.

    Contudo, existe uma outra abordagem: a cristológica, quando se olha Maria a partir de Jesus. Estudando a ligação existente entre Maria e Jesus, percebe-se que ela só pode ter um papel muito especial, pois gerou Jesus. Não é simplesmente um membro da Igreja ou uma mulher qualquer. Não. Ela fez na história uma coisa que somente Deus Pai faz no céu: gerar o Filho. Isso significa que Maria tem um relacionamento especialíssimo com Jesus e, portanto, com o Corpo de Cristo. Sendo a Igreja o Corpo de Cristo e tendo Maria gerado Cristo, é possível dizer que Ela é mãe de Cristo e mãe da Igreja.

    CIC 963 Depois de termos falado do papel da Virgem Maria no mistério de Cristo do Espírito, convém considerar o lugar dela no mistério da Igreja. “Com efeito, a Virgem Maria (…) é reconhecida e honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. (…) Ela também é verdadeiramente “Mãe dos Membros [de Cristo] (…), porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça.” (…) Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja.

    A abordagem cristológica adotada pelo Catecismo prossegue dizendo que Maria é “totalmente unida a seu Filho”, isto é, “esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até a sua morte.” (964). O papel de Maria aos pés da cruz de Cristo é também muito importante, pois trata-se do mistério da entrega Dela ao discípulo amado. Jesus dá a sua mãe à humanidade, mas também dá a humanidade toda para Maria. Na Paixão acontece a maternidade, é ali que a Igreja é gerada, é o Corpo de Cristo que está sendo entregue, é o Sangue que está sendo derramado, formando a Igreja.

    Quando Maria sobe aos céus, continua unida ao seu Filho Jesus. É o que proclama o dogma da Assunção e que o Catecismo traz para ilustrar a união de ambos:

    CIC 966 Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada como Rainha do universo.

    Nossa Senhora foi levada de corpo e alma e está ressuscitada no céu. Isso aconteceu para que estivesse ainda mais unida ao Seu Filho. A união perfeita ocorrida na assunção é a condição para que Maria possa ser também também para a humanidade “mãe na ordem da graça”.

    Por causa de uma certa mariologia eclesiológica, as pessoas tendem a pensar que Maria é mãe da humanidade somente por um título, o que não é verdade. Existe uma ação, é uma maternidade ativa. Ela não é como os outros santos que intercedem, ela faz, ela gera. É justamente a Lumen Gentium – Documento do Concílio Vaticano II – que esclarece esse pensamento:

    CIC 986 Mas seu papel em relação à Igreja e a toda humanidade vai ainda mais longe. ‘De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça.

    Diante da perspectiva correta de Maria, é possível, então, prestar-lhe culto. A frase de São Lucas é o fundamento: “todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. O Catecismo diz:

    CIC 971 A Santíssima Virgem é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja. Com efeito, desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de “Mãe de Deus”, sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e necessidades. (…) Este culto (…) embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente, este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, tal como o Santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.

    Maria é o que todos os homens serão quando chegarem ao céu, é um ícone escatológico da Igreja. A Lumen Gentium, citada pelo Catecismo, diz com toda clareza e precisão:

    CIC 972 Assim como no céu, onde já está glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus representa e inaugura a Igreja em sua consumação no século futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos a vinda do Dia do Senhor, ela brilha, como sinal de esperança segura e consolação o Povo de Deus em peregrinação.

    De modo resumido é possível dizer que se crê na Igreja, dentro da qual a Virgem Maria cumpre um papel aparentemente paradoxal, pois, ao mesmo tempo, é membro e Mãe da Igreja, discípula e Senhora, humilde serva e Rainha. Essas duas vertentes deram origem a duas tendências eclesiológicas, cada uma enfatizando um aspecto. Ambas vertentes são verdadeiras, completam-se mutuamente, mas, devido à sua característica mais profunda, a visão cristológica deve sempre prevalecer.

    1. Mas, Petter, o significado da palavra veneração é o mesmo de adoração, prestar culto a alguém. Tenho frequentado algumas missas mas essa questão da veneração, dentre tantas outras, tem me deixado encucado. Como no caso da comunhão dos santos: a igreja acredita que eles nos auxiliam na oração mas a bíblia relata que a pessoa falecida – e se aplica aos santos – não volta para nosso plano terreno em forma alguma. Um abraço.

      1. 1 – Alef, onde você viu o significado de adoração e veneração? Porque se foi num dicionário simples de português quero te dizer que não se resolve questões teológicas com um simples Aurélio qualquer. Para te dar uma noção prática da coisa vou ilustrar que existem cultos prestados a pessoas que não são de adoração. Você já foi para alguma festa de aniversário e participou do momento em que se acende uma vela em cima de um bolo e se canta “Parabéns pra você”? Não é isso prestar um culto a alguém? Culto este, inclusive, originado no paganismo, onde bolos eram feitos em forma de lua cheia em adoração à deusa da lua (não me recordo em qual cultura, se egípcia ou greco-romana) e se acendia uma vela em cima para adorá-la? E quando se sai em procissão pelas ruas gritando o nome de um político não se está também prestando um culto àquele político? Contudo, é o “Parabéns pra você” ou outros tipos de cultos assim formas de adoração? Isso só acontece quando se coloca tal pessoa no lugar de Deus e se adora, o que não é o caso da doutrina católica. Então tenha muito cuidado para não achar que todo culto que se presta a alguém é de adoração, pois tenho certeza de que muitos aqui já prestaram cultos a outras pessoas e prestarão muitos outros, até com velas! Às vezes 40 num mesmo bolo, rs.
        2 – Já sobre a intercessão dos santos a Igreja não diz que eles ficam voltando aqui. O que se diz é que estando em Cristo eles intercedem por nós da Terra. Vou ser mais claro: a fé protestante diz que ao morrerem os salvos vão para a Glória ficar “desfrutando” Deus; a fé Católica diz que eles vão para a Glória ficar “desfrutando” Deus e, por estarem em Cristo que intercede continuamente por nós, eles também intercedem por toda a humanidade. Ou não são um com Cristo?
        Aí se pode dizer: E as aparições de Maria? Pois bem… a exceção para a “volta” na Terra acontece apenas para Cristo e para Maria. A Bíblia diz que ninguém volta, mas Cristo voltou no momento da conversão de São Paulo, certo? Mesmo São Paulo dispondo de toda a Igreja e de todos os profetas já aqui na Terra! A volta de Cristo aqui pôde acontecer porque Ele se encontra no céu também com seu corpo ressurreto e não apenas com a alma – o que aparentaria espiritismo (almas aparecendo, kkkkk). O mesmo a Igreja diz que se aplica à Maria: por ter sido arrebatada ao céu (ler meu comentário postado acima) e já estar lá de forma ressurreta – não só a alma mas também o corpo -, Deus lhe concede que em casos excepcionais aja por Seu intermédio na Terra, tal como Jesus Cristo faz (pois o caso de São Paulo não é o único na história da Igreja) para a conversão do povo. Mas Maria aparecer só é compreensível se entender que com Cristo e em Cristo ela já reina, por isso a importância de ler meu post logo acima, refletir e tomar suas conclusões. Hugs!

  13. Vcs falaram muito sobre as implicações sociológicas que Maria tinha em mente. Olha algo que comumente passa despercebido:
    Maria sabia que a seu Filho Lhe seria dado o trono de Davi. De fato, o primeiro título que aparece para Jesus no NT é “Filho de Davi”. E, para Maria, judia, quais eram as implicações sociológicas de uma pessoa da tribo de Judá receber o trono de Davi?
    Pois bem… o primeiro a receber tal trono foi Salomão. Mas notem que na transferência do trono para o Filho de Davi aconteceu que Natã recrutou Betsebéia – mãe de Salomão – e não Salomão para confirmá-lo como rei (1 Reis 1:11-40). Depois disso, Salomão coloca um trono ao lado do seu para sua mãe e não lhe nega o que é pedido:
    1 Reis 2
    18 “E disse Bate-Seba: Bem, eu falarei por ti ao rei.
    19Assim foi Bate-Seba ao rei Salomão, a falar-lhe por Adonias; e o rei se levantou a encontrar-se com ela, e se inclinou diante dela; então se assentou no seu trono, e fez pôr um assento para a sua mãe, e ela se assentou à sua direita.
    20Então disse ela: Só uma pequena petição te faço; não ma rejeites. E o rei lhe disse: Pede, minha mãe, porque não ta negarei.”
    A partir de Salomão, todos os reis da tribo de Judá passaram a instituir como Rainha não uma de suas esposas, mas suas mães. Há até o caso do rei Asa que destituiu sua mãe do cargo de Rainha por causa de idolatrias:
    1 Reis 15
    “2 E reinou três anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão. 13E até a Maaca, sua mãe, removeu para que não fosse rainha, porquanto tinha feito um horrível ídolo a Aserá; também Asa desfez o seu ídolo horrível, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom.”
    Ou ainda o caso de Atalia que na forte do Rei que era seu filho assassinou os próprios netos, herdeiros legítimos, para conservar o poder de que gozara como rainha mãe
    2 Reis 11:1-3
    “Vendo, pois, Atalia, mãe de Acazias, que seu filho era morto, levantou-se, e destruiu toda a descendência real.
    Mas Jeoseba, filha do rei Jorão, irmã de Acazias, tomou a Joás, filho de Acazias, furtando-o dentre os filhos do rei, aos quais matavam, e o pôs, a ele e à sua ama na recâmara, e o escondeu de Atalia, e assim não o mataram.
    E esteve com ela escondido na casa do Senhor seis anos; e Atalia reinava sobre o país.”
    Não à toa os reis, tal como Asa, passaram a ser sempre apresentados com sua mãe:
    1 Reis 14:21
    21 E Roboão, filho de Salomão, reinava em Judá; de quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar, e dezessete anos reinou em Jerusalém, na cidade que o Senhor escolhera de todas as tribos de Israel para pôr ali o seu nome; e era o nome de sua mãe Naamá, amonita.
    2 Reis 8:26
    42 E era Jeosafá da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar; e vinte e cinco anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Azuba, filha de Sili.
    26 Era Acazias de vinte e dois anos de idade quando começou a reinar, e reinou um ano em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Atalia, filha de Onri, rei de Israel.
    Dentre outros…
    Apesar dos fatos ditos nos primeiros exemplos de Rainha Mãe, ter a Mãe como Rainha era muito mais seguro do que uma das esposas, visto que as esposas estavam sempre a dar muito mais trabalho desvirtuando as heranças culturais e monetárias dos reis.
    Então é muito importante ter isso em mente: Maria, judia, sabia que se o seu Filho fosse feito Rei ela era passível de ser instituída Rainha também. E isso não só no momento da concepção, mas até aos 30 anos de Cristo, ao não vê-lO casar com nenhuma outra mulher, ela poderia ter aumentado cada vez mais sua expectativa de ser Rainha, pois era a regra atual para a descendência de Davi, para a tribo de Judá. Isso é algo realmente importante evidenciar porque Maria sempre teve uma tamanha humildade (arma contra Satanás) que, mesmo tendo o conhecimento da Dinastia de Davi, em momento algum se perdeu em pensamentos que qualquer um de nós muito provavelmente se perderia ao saber que no próximo ano seríamos instituídos reis e teríamos todo o poder sobre uma determinada região. Mas, como sabemos, “o meu Reino não é deste mundo.” Ponto, parágrafo, rs
    Para reflexão dos autores do podcast deixo o seguinte:
    Vocês já viram algum Rei reinar sem Rainha?
    O Reino de Jesus Cristo é deste mundo?
    É o Reino de Jesus o Reino dos Céus?
    Alguém na Bíblia teve alguma visão do Reino dos Céus?
    O Rei dos Céus é tido nesta visão como “o Leão da Tribo de Judá”?
    Neste Reino foi vista alguma Rainha?
    Essa Rainha no Reino dos Céus é Mãe do Rei do Reino dos Céus?
    Indico a leitura de Apocalipse 12, pois sabendo-se fazer a última na Terra, Maria foi a primeira no Reino dos Céus. Como mãe do Rei considerado como “Filho de Davi” ela já recebeu a realeza. É certo que tal realeza nós também receberemos quando também formos assumidos no Reino dos Céus, mas um Rei não Reina sem Rainha! E Cristo, que já Reina, já dispõe também de uma Rainha.
    Reflitam sobre isso! (Estou gostando muito dos podcasts de vocês =)
    Paz e Bem =]

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