Clive em: A morte bate à porta

Como todas as manhãs fui ao escritório para me preparar para mais um dia de trabalho. Meu tempo com Deus, organizar e  pensar as tarefas do dia, ler algumas notícias, responder e-mails. Porém a rotina de um pastor sempre é quebrada quando a morte chama ao telefone. O câncer havia vencido meu amigo Macário, a […]



31 de dezembro de 2014 Alex BTContos
Como todas as manhãs fui ao escritório para me preparar para mais um dia de trabalho. Meu tempo com Deus, organizar e  pensar as tarefas do dia, ler algumas notícias, responder e-mails. Porém a rotina de um pastor sempre é quebrada quando a morte chama ao telefone. O câncer havia vencido meu amigo Macário, a morte bateu à sua porta. Porém a vitória sobre à morte já havia sido consumada para Macário, que lutou, sofreu, caiu, mas se levantou muitas vezes em sua curta, mas significativa vida. Me lembrei de quando ouvi pela primeira vez falar sobre esse tal de Macário:

– Bom dia Clive, tem um tempo? – Perguntou, Felício, colega desde os tempos de faculdade e com quem eu dividia as responsabilidades sobre a Igreja.

– Com certeza! Entre! Vamos conversar – o recebi e o encaminhei ao escritório para que pudéssemos tirar um tempo a sós – Alguma novidade? – Perguntei, para iniciar nosso papo.

–  Fiz uma visita a uma pessoa ontem no hospital. Que situação complicada, amigo. Algo que nunca tinha visto. Foi muito triste e ao mesmo tempo um choque. – Disse Felício se sentindo como se ainda não tivesse saído de dentro do quarto daquele hospital, tamanho o impacto do que ele vira.

– Mas o que foi? Quem está lá internado? É grave? – Questionei, para entender a situação melhor.

– Macário é o nome dele. Ele não é assim tão velho, também pela feição não parece tão jovem. Não sei, o álcool, o cigarro e o trabalho pesado tiraram o brilho dos olhos e envelheceram sua pele. Não sei dizer a idade dele, talvez uns 40 anos, não mais do que isso, mas num corpo que parece chegar perto dos 60. Foi internado em coma alcoólico, mas quando acordou teve uma crise de abstinência tão forte que precisou ser sedado. Diria até que teriam o amarrado à cama se fosse necessário. – Relatou Felício enquanto eu imaginava a situação e quase que sentia junto com ele o quão dura fora aquela visita.

– Felicio, mas o que aconteceu com o homem? Eu até consigo imaginar como seria uma crise de abstinência. Mas assim, como se ele tivesse um demônio dentro de si? – Questionei, ainda incrédulo diante do fato.

– Sim, bem assim! Não queria dizer isso, pra não ser mal entendido, mas era como se um demonio tivesse tomado conta daquele homem – Concordou comigo Felício, mas lago tratou de explicar e amenizar – Ainda que eu acredite que esse “demônio” tenha nome. “Cachaça”, ele se chama.

– Exato, claro. Também não acredito ser caso de possessão, me expressei assim por causa da explosão emocional e de força que o homem teve durante a crise de abstinência.

– Sim Clive, entendi o ponto. E sabe o que é o pior? O cara não queria outra coisa senão continuar bebendo! – Expressando Felicio sua indignação quanto ao pedido do homem.

– Mas que consciencia teria esse homem no estado em que ele estava?- Retruquei – Ele não teria em condições de saber o que realmente precisa. A mente estava tomada pelo vício e a vontade incontrolável de voltar à bebida com um doente que precisa de uma droga forte para superar a dor. O álcool é seu algoz e também o seu alívio. É quem causa a dor, mas é o único quem tira a dor. É o círculo do vício.

– Sim, Clive, é bem assim como você descreveu – respondeu Felicio – mas e o que podemos fazer? Como poderíamos ajudá-lo? Eu não sei se esse homem suportará uma noite a mais no hospital! Eu creio que o corpo dele não conseguirá suportar sem o álcool. Ele está magro de mais, desidratado, fraco. Só Deus pra libertar o pobre Macário.

– É muito sofrimento, Felício. Vamos então orar juntos para que pelo menos Deus alivie a dor do Macário e que tenha misericórdia deste pobre homem.

– Oremos, Clive, oremos.

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