O QUE É PROVIDÊNCIA?

Costumamos agradecer a Deus em nossas orações por motivos diversos: O SENHOR cuida de nós, de nossa casa e das pessoas que amamos. Agradecemos pelo que temos, pelo que somos, pela provisão e cuidado. Contudo, isto significa que quando ocorrer uma catástrofe envolvendo alguns do itens anteriores, perderemos os motivos para agradecermos? Deus falhou com […]



4 de junho de 2018 Ovelhas Elétricas Textos

Costumamos agradecer a Deus em nossas orações por motivos diversos: O SENHOR cuida de nós, de nossa casa e das pessoas que amamos. Agradecemos pelo que temos, pelo que somos, pela provisão e cuidado. Contudo, isto significa que quando ocorrer uma catástrofe envolvendo alguns do itens anteriores, perderemos os motivos para agradecermos? Deus falhou com seu papel de provisor? Afinal, o que é providência divina?

A Origem do Termo

Etimologicamente, do Latim, a palavra “Providência” tem duas partes. A “vidência”, refere-se a ver e o “pro” significa interesse ou anteriormente. Mas a etimologia não determina o significado de uma palavra, e “providência” (como todas as outras palavras) significa exatamente o que é usado para dizer: isto é, o cuidado ativo de Deus para sua ordem criada (incluindo seres humanos), de modo a defender, prever, supervisionar, controlar, e guiá-los em direção aos fins que Ele tenha designado para eles.

Entendendo a providência mais a fundo

Pascal P. Belew define providência como: “Essa atividade do Deus Trino pelo qual Ele conserva, cuida e governa o mundo que Ele fez”[1]. Nesta definição, “o mundo” inclui tudo o que existe no reino natural.

Não temos problema algum em ver que isto ocorre para todas as coisas que reconhecemos como boas, mas isso inclui todas as coisas ruins também, como o 11 de Setembro, ou o Holocausto ou a morte de um familiar próximo. Deus está providencialmente no controle até mesmo sobre a maldade dos seres humanos! “A atividade do homem cai, como o menor dos dois círculos concêntricos, completamente dentro do círculo maior do propósito de Deus.” [2] Como William Plumer disse: “Sem ele, átomos e planetas, anjos e diabos, santos e pecadores não podem fazer nada.” [3]

Berkhof analisa a doutrina da providência e a disseca em três partes principais:[4]

(1) Preservação é a doutrina sobre a qual Deus mantém a existência, a natureza e as forças de todas as coisas que Ele criou.

(2) Concorrência é a doutrina que determina que Ele trabalha em todos os atos de suas criaturas, então nada nunca ocorre “independentemente” de Deus.

(3) Governo é a doutrina de que Ele trabalha em tudo para cumprir Seus propósitos.

Como aplicá-la em nossas vidas?

Estabelecido o referencial teórico, voltemos às questões do início do texto.
Respondê-las requererá uma migração do campo das ideias para a vida real e cotidiana, que é embebida de circunstâncias, muitas vezes frustrantes e que partem-nos o coração e estilhaçam-nos a alma. Como permaneceremos firmes na fé, confiando no cuidado do SENHOR, quando nos deparamos com a tragédia diante de nossos olhos? Como  ficam nossas orações em relação a isso tudo?

Como Rm 8:28 diz, “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, para aqueles que são chamados segundo o seu propósito.”

  1. Controle não significa que Deus realiza ativamente ou deseja, ou faz com que tudo seja feito.
    Para ver que controle é algo totalmente inclusivo, a pessoa precisa apenas considerar o que significa dizer que Deus não está no controle, o que é biblicamente inaceitável. Certamente nada se passa neste mundo que está fora do controle de Deus. Ele não perdeu o controle, e nenhuma outra força no mundo pode tomar o controle dele ou, de outra forma, derrotá-lo. Os propósitos que Ele tem ordenado serão alcançados. Além disso, Seus propósitos incluem a existência do mal no mundo, quer entendamos isso, ou não. A doutrina da providência divina, segundo Spiegel, afirma que Deus cuida de sua criação. O SENHOR não somente criou todo o universo – Ele também o administra prudentemente.” [5]
  2. De maneira alguma podemos afirmar que Deus falha.
    Somos nós quem falhamos ao concebermos a ideia de que providência significa proteção incondicional às intempéries da vida. Deus não nos coloca em uma bolha. Jesus não prometeu que estaríamos livres de crises, mas que mesmo em meio às aflições (no original grego θλῖψις – perseguição, tribulação, grande angústia), deveríamos ter bom ânimo, pois ele venceu o mundo. [6]
  3. A consciência da providência nos leva naturalmente à oração
    Existe uma divisão clássica nos tipos de oração existentes:
    Acão de graças, louvor, petição, intercessão, entre outras. Contudo, o conceito anterior que deve motivar nossa oração é a compreensão do ser de Deus, de sua bondade e misericórdia para conosco, afinal, se não fosse assim, sequer teríamos fôlego para orar.
    Oramos porque Deus é bom [7] e não porque coisas boas nos acontecem. Louvamos a Deus porque temos fôlego [8] e nos dispomos diariamente a Seu serviço. Desta forma, quando o dia mau vier, portaremos a armadura de Deus [9] e resistiremos. Não por nossas próprias forças, mas porque Cristo prometeu estar conosco todos os dias até o fim dos tempos. [10]
  4. O que fazer no meio da crise?
    No momento da crise, não pense que Deus se esqueceu de você. Lembre-se que em meio à angústia é justamente Ele o primeiro a se fazer presente, a lhe consolar, fortalecendo-lhe, com sua poderosa mão. Creia na providência de Deus. Ele cuida de nós, mesmo quando estamos cegos pela dor. Nas palavras do salmista: “Ó rei, que na hora da angústia o Senhor Deus responda à sua oração! Que o Deus de Jacó o proteja! Que, do seu Templo, Deus lhe envie socorro, e que, do monte Sião, ele o ajude!” [11]  Cantemos todos, juntos ao cantor cristão: Deus cuidará de ti, Em cada dia proverá; Sim, cuidará de ti, Deus cuidará de ti.

Por Erlan Tostes

Referências:

[1] Pascal P. Belew, The Philosophy of Providence (Butler, IN: The Higley Press, 1955), 11.

[2] G. C. Berkouwer, The Providence of God (Grand Rapids: Eerdmans, 1952), 92.

[3] William S. Plumer, Jehovah-Jireh: A Treatise on Providence (Harrisonburg, VA: Sprinkle Publications, 1993, reprint from 1865), 15.

[4] Louis Berkhof, Systematic Theology (Grand Rapids: Eerdmans, 1949), 169–76.

[5] James S. Spiegel, The Benefits of Providence: A New Look at Divine Sovereignty (Wheaton: Crossway, 2005), 19.

[6] Jo. 16:33, Almeida Corrigida e Revisada Fiel

[7] Sl. 135:3, Almeida Corrigida e Revisada Fiel

[8] Sl. 150:1, Almeida Corrigida e Revisada Fiel

[9] Ef. 6:13, Almeida Corrigida e Revisada Fiel

[10] Mt. 28:20, Almeida Corrigida e Revisada Fiel

[11] Sl. 20:1-2, Nova Tradução na Linguagem de Hoje