Lado a Lado #13 – Diminuindo o templo

Vivemos em uma sociedade que tem horror a gordura – ninguém pode negar. Ao mesmo tempo, nunca estivemos tão gordos. Apesar do Brasil gastar 1,1 bilhão de reais em consultas e tratamentos contra a obesidade, isso aparentemente não está funcionando. Desde que as caravelas dos portugueses e dos espanhóis aportaram no Novo Mundo (descobrindo a […]

30 de novembro de 2018 01:47:53 Lado a Lado Download

Vivemos em uma sociedade que tem horror a gordura – ninguém pode negar. Ao mesmo tempo, nunca estivemos tão gordos. Apesar do Brasil gastar 1,1 bilhão de reais em consultas e tratamentos contra a obesidade, isso aparentemente não está funcionando.

Desde que as caravelas dos portugueses e dos espanhóis aportaram no Novo Mundo (descobrindo a maravilha do sabor do cacau, batata, chocolate e açúcar) o Ocidente nunca mais foi o mesmo, nem as curvas de seus moradores. Entre o Século 16 e 18 a gordura corporal se tornou sinônimo de beleza e de riqueza, já que antes disso o sabor doce do açúcar era raro e tratado somente como um remédio – de luxo.

Quando descobrimos a maravilha do chocolate quente, da batata frita com ketchup e do biscoito amanteigado, ser cheinho ou cheinha se tornou elegante, saudável e sexy. Tanto que muitos dos elogios criados para ressaltar a beleza do corpo feminino estão intimamente relacionados com a gastronomia: gostosa, deliciosa.. Aqui no Brasil, durante o período do Império, visitantes estrangeiros se apavoraram e documentaram como as brasileiras eram mais pesadas que as europeias – tanto pelo acesso fácil ao açúcar de cana em nossas terras quanto pelo sedentarismo e indolentes de quem tinha escravos para fazer o serviço doméstico.

Foi só na virada do século 19 para o 20 que os médicos passaram a exigir com mais força que as pessoas ingerissem menos gordura de porco, cremes e açúcar, além de fazer esporte e ter uma vida ativa para cuidar do corpo e da mente. Parecia bem simples, até a fast food chegar, na metade da década de 50. Dali para frente veio o controle remoto, o Uber… Nos querem mais magros do que nunca, e isso é cada vez mais difícil.

Nós precisamos ser magros ou isso é apenas uma exigência da sociedade patriarcal ocidental opressora interessada em vender mais e mais roupas com menos tecido?


Equipe

Hosts: Andrea Menezes, Silvana Silva e Tatiane Vidal
Vitrine:
 Giancarlo Marx
Edição: Rogério Moreira Jr

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Fontes