Proclamação do Evangelho versus demonstração do evangelho

Há uma conversa muito interessante em curso neste momento em muitas igrejas. Muitas pessoas, e especificamente pessoas em posição de liderança, têm questionado: “como podemos balancear a proclamação do evangelho com a demonstração do evangelho?” Proclamação do evangelho é proclamar o evangelho de forma clara. As pessoas ouvem a verdade do evangelho através de Jesus […]



19 de novembro de 2018 Alex Blog

Há uma conversa muito interessante em curso neste momento em muitas igrejas. Muitas pessoas, e especificamente pessoas em posição de liderança, têm questionado: “como podemos balancear a proclamação do evangelho com a demonstração do evangelho?”

Proclamação do evangelho é proclamar o evangelho de forma clara. As pessoas ouvem a verdade do evangelho através de Jesus Cristo e tem a oportunidade de responder por graça através da fé.

A demonstração do evangelho acontece por meio do serviço aos outros em nome de Cristo, mostrando seu amor quando nós agimos de acordo com o que dizemos que cremos sobre Cristo. Os cristãos devem ser sal e luz em um mundo que necessita profundamente deste sal e luz. Eu prefiro chamar isto de “vivenciar as implicações do evangelho”, mas isto é em última instância uma demonstração daquela transformação do evangelho.

Pessoas têm debatido, “qual é a missão da igreja?”. A igreja deve falar ou mostrar a verdade? Eu não sabia que tínhamos que escolher. E de fato, não temos. Balanceando estes dois aspectos importantes da missão é frequentemente mais difícil do que parece, o que tem levado a debates. Como humanos, nós temos a tendência de nos inclinarmos a certas direções na vida e no ministério. O mesmo acontece nesta discussão.

Mas nem sempre fazemos um bom balanço, assim algumas pessoas acabam fazendo mais do que outras.

Ao mesmo tempo, o debate pode ser útil à medida que percebemos como mostrar de forma efetiva o amor de Jesus ao compartilharmos continuamente o seu amor.

O efeito pendular

Alguém pode se surpreender como pode haver problemas com isso. Mas no início do século XX, pessoas que tinham um forte argumento a favor de mostrar o amor de Jesus acabaram por deixar de compartilhar o amor de Jesus.

De forma simples, muitos pararam de pregar o evangelho que uma vez pregaram. Eles faziam boas obras, mas perderam o foco da proclamação do evangelho.

Contudo, eu me alegro quando vejo mais e mais pessoas se unindo à missão de Jesus e expressando isto por meio do serviço aos feridos.

Por quê? Porque isto reflete a missão de Jesus.

Jesus veio servir

Em Lucas 4.18 Jesus anuncia e inaugura seu ministério público. Ele diz “O Espírito do Senhor está sobre mim”. E ele fala a respeito do seu chamado para pregar as boas novas aos pobres, aos cativos e aos oprimidos.

Através das Escrituras nós descobrimos que Deus está constantemente nos chamando para que consideremos a viúva, o órfão, o cego, o pobre e outros que estão às margens, deixados de fora ou ignorados. Então eu penso que somente é apropriado, ou melhor até essencial, que os cristãos vivam na luz de Jesus, que veio para servir o ferido.

Jesus veio salvar

Nós também sabemos que o mesmo Jesus que cumpriu a profecia do Antigo Testamento em Lucas 4.18-19, também disse em Lucas 19.10, “eu vim para buscar e salvar o perdido”. O evangelho deve ser pregado porque Jesus veio para salvar – e como eles podem ouvir sem um pregador? (Rm 10.14).

Então eu me sinto encorajado quando vejo igrejas falando a respeito de ambos.

Jesus ensinou que os dois grandes mandamentos eram o de amar a Deus com tudo o que temos (Mt 22.37) e o de amar nosso próximo como nós amamos a nós mesmos (Mt 19.19).

Isto é mostrar e compartilhar o amor de Jesus

Jesus atingiu o equilíbrio

Em Atos 10.38 nós encontramos Pedro pregando que Jesus “veio fazer o bem”. Mas nós temos que perceber que o cristianismo não é apenas uma religião de fazer o bem.

As boas obras são resultado da nossa salvação e brotam do nosso relacionamento com Cristo, mas elas não são o que nos redimem. Mesmo se assegurando que o relacionamento entre proclamação e demonstração de Cristo esteja na ordem correta, no final das contas, nós devemos fazer ambos, se estamos sendo fiéis a Cristo.

Mateus aponta para a necessidade tanto de proclamação quanto de demonstração. “Então Jesus foi a todas as cidades e vilas ensinando em suas sinagogas, pregando as boas novas do reino e curando cada doença. Quando ele viu as multidões, ele sentiu compaixão por elas, pois elas estavam exaustas e desgastadas, como ovelhas sem pastor (Mt 9.35, tradução livre para o português a partir do original da HCSB).

Jesus veio. Ele pregou. Ele olhou. Ele cuidou. Ele ministrou.

Repita.

Escolher um ou outro não é verdadeiro para a missão

Ao invés de enxergar a proclamação e a demonstração do evangelho como fábricas concorrentes, talvez nós deveríamos vê-las como uma combinação contida na vida cristã – uma afluindo da outra.

A Escritura nos conta que seu ensino maravilhou as pessoas porque elas nunca tinham ouvido alguém falar com tal autoridade. Então, enquanto ele andava, ele via pessoas em necessidades, físicas e espirituais, das mesmas coisas que ele estava pregando.

Jesus tornou o reino real no mundo material. Ele era zeloso pelas coisas do seu Pai e isto se resultou em sua interação com e no cuidado para com pessoas destruídas.

Se nós vamos nos unir a Jesus em sua missão, nós precisamos estar apaixonados por alcançar o perdido com o poder transformador do evangelho. E se nós vamos ser como Jesus, a compaixão deve ser nossa motivação para ministrar às necessidades físicas das pessoas, a quem dizemos que amamos.

A maioria das pessoas de fato tem uma atitude de “eu não me importo o quanto você sabe até que eu saiba o quanto você se importa”. Não há uma necessidade de escolher entre a proclamação e a demonstração. Dizer às pessoas que nós temos um salvador que as ama se nós na verdade não amamos dificilmente será justo.

[alert type=”success”]Autor:
Ed Stetzer é titular da distinguida cátedra Billy Graham de Igreja, Missão e Evangelismo no Wheaton College. É também diretor executivo do Centro Billy Graham, deão da Escola de Missão, Ministério e Liderança no Wheaton College e pastor interino de ensino na Moody Church em Chicago, EUA.[/alert]

Tradução: Alexander Stahlhoefer
Revisão: Leonardo Maraga